São Paulo, domingo, 22 de julho de 2007

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TRAGÉDIA EM CONGONHAS/MANUTENÇÃO

Técnicos afirmam fazer revisões sob pressão

Funcionários que fazem manutenção dos aviões da TAM dizem que aumento da demanda levou à cobrança por rapidez

Para eles, exigência de velocidade nas avaliações pode facilitar a ocorrência de falhas; Airbus-A320 é revisado em Congonhas

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento na demanda de vôos no Brasil nos últimos anos contribuiu, segundo profissionais que fazem manutenção em aeronaves da TAM em São Paulo ouvidos pela Folha, para que a revisão nas aeronaves, principalmente nos hangares dos aeroportos de Cumbica e Congonhas, fosse feita sempre da maneira mais rápida possível.
Um engenheiro aeronáutico da TAM, que falou sob condição de anonimato, disse que existe uma pressão velada por parte da chefia para que o trabalho de revisão nos aviões seja feito o mais rápido possível.
Segundo ele, as ordens para que isso ocorra não são diretas, mas os funcionários que liberam os equipamentos mais rápido recebem o reconhecimento dos seus superiores. Assim, afirma o engenheiro, alguns detalhes da manutenção podem passar despercebidos.
Em média, ao passar pelo chamado nível de verificação "check A", o mais simples dos quatro níveis de revisão, cem itens têm de ser obrigatoriamente analisados pela equipe de manutenção. O tempo necessário para isso seria, ainda segundo esses profissionais da TAM, de "pelo menos seis horas", mas esse prazo não estaria sendo respeitado por conta do alto número de decolagens.
Quando precisam de verificações mais complexas, por conta de defeitos intermitentes, como se acredita ser o caso do Airbus-A320 que caiu na terça em Congonhas, os aviões da TAM de todos os modelos vão para os hangares do Centro Tecnológico da empresa em São Carlos (231 km de SP).
É lá que ocorrem as manutenções dos níveis "C", quando a aeronave tem de ficar parada por no mínimo cinco dias, e o "D", que pára o avião no hangar por cerca de meio mês.
Uma das frentes de investigação do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), órgão vinculado ao Ministério da Defesa que apura os acidentes aéreos no país, será descobrir se o Airbus-A320 que caiu terça tinha passado por essa manutenção nível "D" nos últimos 15 meses, como a própria equipe de mecânicos da empresa e a francesa Airbus, fabricante da aeronave, recomendam.


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