São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 2008

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Índios defendem aldeia usando arco e flecha

Incêndio ocorrido no dia 18 deixou guaranis em estado de guerra na praia de Camboinhas, em Niterói (RJ)

FÁBIO GRELLET
DA SUCURSAL DO RIO

Há quatro dias em estado de guerra, índios guaranis da aldeia Tekoá Itarypu, na praia de Camboinhas, em Niterói (região metropolitana do Rio), estão a postos com arco e flecha para defender suas terras.
As animosidades começaram às 11h da última sexta-feira, quando um incêndio supostamente criminoso consumiu cinco ocas, uma "casa de reza" e um espaço que reunia objetos da história da tribo. Apenas uma pessoa ficou ferida, mas passa bem. O prejuízo estimado pelos índios é de R$ 7.000.
No momento, só havia mulheres e crianças na tribo, que tem 53 pessoas. Os 20 homens adultos estavam em reunião com membros da Funai (Fundação Nacional do Índio) para pedir a demarcação da área, que pertence ao governo federal e foi ocupada em março.
De acordo com o cacique Darci Tupã, 29, as índias viram os responsáveis pelo fogo chegando e fugindo em um Ômega prata importado. Segundo a 81ª DP, onde o caso foi registrado, as placas anotadas são de um carro de Juiz de Fora (MG), do modelo apontado, mas preto. O caso será enviado à Polícia Federal, por envolver índios.
Para o delegado Milton Olivier de Azevedo, da 81ª DP, o incêndio pode ter sido causado por donos de terrenos vizinhos ou a mando de imobiliárias. A região é valorizada -o metro quadrado custa, no mínimo, R$ 500, afirma uma imobiliária. A presença dos índios, que ocupam uma área de 30 mil metros quadrados, avaliada em R$ 15 milhões, causaria desvalorização.
Tupã calcula que precisará de dois meses para reconstruir as ocas. Por enquanto, os índios estão dormindo em barracas improvisadas e na única construção de alvenaria existente na aldeia. Para ajudar na obra e vigiar a área, índios de tribos de Paraty e até do Espírito Santo devem chegar.
Por meio de nota, a Funai disse que desde junho analisa a hipótese de demarcar a área.


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