São Paulo, sexta-feira, 22 de julho de 2011

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Buraco na Esplanada

Construção de estacionamento subterrâneo na Esplanada dos Ministérios volta a ser discutido pelo Congresso e o governo do Distrito Federal

Marcelo Camargo/Folhapress
Fila de veículos estacionados na Esplanada dos Ministérios

FLÁVIA FOREQUE
JOHANNA NUBLAT
DE BRASÍLIA

A difícil tarefa de encontrar uma vaga para estacionar o carro na Esplanada dos Ministérios, principalmente de terça a quinta-feira, voltou à pauta de discussão dos poderes local e federal.
A iniciativa, agora, partiu dos presidentes da Câmara, Marco Maia (PT-RS), e do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e do deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP).
Em encontro com o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), na semana passada, pediram a construção de um estacionamento subterrâneo, como solução para o caos na região que abarca a maior parte dos prédios públicos federais.
A ideia, segundo a assessoria do governo local, já estava nos planos de Agnelo.
O tema é recorrente: Cristovam Buarque, José Roberto Arruda e Rogério Rosso também levantaram a questão.
"No meu governo já se discutia e, naquela época, deveria ter a metade dos automóveis [previstos atualmente]", afirmou o senador Cristovam Buarque (PDT), governador entre 1995 e 1998. Desde que deixou o governo, a frota da capital cresceu 138%, passando a marca de 1,2 milhão.
O projeto mais concreto é dos arquitetos Carlos Magalhães e Fernando Andrade, em 2006. Ambos atuam no escritório de Oscar Niemeyer na cidade, mas fizeram a proposta de forma independente.
Seriam, segundo o desenho, 10 mil vagas distribuídas em dois subsolos entre a catedral e o Congresso, ao custo estimado pelos arquitetos em R$ 900 milhões.
Magalhães diz que um dos cuidados do projeto foi criar entradas e saídas discretas, de forma a interferir o mínimo possível no desenho do urbanista Lúcio Costa.
"Não pode ser cheia de buracos como se fosse uma fatia de queijo suíço", concorda Alfredo Gastal, superintendente do Iphan no DF.
A preocupação é compartilhada por Maria Elisa Costa, filha do urbanista. "A Esplanada para meu pai sempre foi um belo gramado livre de ocupação, a indispensável pausa verde na "partitura musical" que Brasília é."
Apesar de serem favoráveis à construção do estacionamento, os arquitetos, Gastal e Maria Elisa Costa defendem que ele não é a solução definitiva para a cidade.
"Você não teve, em momento algum, planejamento urbano e regional. Resultado: somos hoje um arquipélago desordenado que beira o surrealismo", dispara Gastal. A solução, dizem eles, inclui a desconcentração dos órgãos federais e a melhora do transporte público.
O governo de Agnelo promete se posicionar concretamente sobre o estacionamento até setembro. A princípio, disse que seria feito via parceria público-privada. A proposta de Magalhães e Andrade já foi apresentada aos governos local e federal.


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