São Paulo, terça, 22 de julho de 1997.



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TRÁFICO
Homem é preso no aeroporto de SP com 50 cápsulas no estômago e confessa que levaria a droga à Holanda
Sul-africano engole um quilo de cocaína

Luzia Ferreira/Folha Imagem
Raio X do estômago de Charles Ebes com as cápsulas que ele engoliu


do NP

O sul-africano Charles Ebes, 24, foi preso na última sexta-feira à noite, no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (Grande São Paulo), com 50 cápsulas plásticas cheias de cocaína no estômago.
Cada cápsula, segundo a polícia, tinha cerca de 20 gramas da droga. Ebes confessou que iria levar a droga até Amsterdã, na Holanda.
De acordo com o delegado Flávio Luiz Trivella, do Denarc (Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos), essa foi a maior quantidade de cocaína que um traficante de drogas preso em São Paulo já engoliu.
Segundo Trivella, a maior dose de droga engolida anteriormente por um homem foi 20 cápsulas. Já a mulher "recordista" engoliu 15 cápsulas de cocaína.
Denúncia
Ebes foi preso na ala de embarque do aeroporto de Cumbica após policiais do Denarc receberem uma denúncia anônima de que ele embarcaria com a droga em um vôo da Varig.
Após a prisão, ele foi levado pela polícia ao Hospital das Clínicas. Uma radiografia do estômago confirmou que ele tinha cerca de um quilo da droga, dividido em 50 cápsulas, no estômago.
Na noite de sexta-feira, o sul-africano foi submetido a uma lavagem intestinal. Entre sábado e domingo, ele expeliu as 50 cápsulas.
Segundo o hospital, se uma das cápsulas estourasse, Ebes morreria de overdose.
Ebes disse ao delegado Trivella que, antes de engolir as cápsulas, passou duas semanas se alimentando apenas de líquidos.
Ele afirmou ter engolido 42 cápsulas, tomando junto uma mistura de glicerina e vaselina. Na hora de engolir a 43ª, ele disse que sua garganta "travou". Por isso, ele introduziu as oito cápsulas restantes pelo ânus.
Um quilo de cocaína pura está avaliado no Brasil em cerca de R$ 3.000. Na Holanda, esse valor pode aumentar até 10 vezes.
Desemprego
Ebes teve alta médica e foi levado para a carceragem do Denarc. De acordo com a polícia, ele está muito fraco porque passou uma semana praticamente sem se alimentar.
Em depoimento à polícia, Ebes afirmou que receberia US$ 2.000 pelo transporte da droga. Ele disse ter aceito a missão porque estava desempregado, e sua mãe, doente.
Ebes contou ainda que seu pai foi morto durante o apartheid. Então, ele deixou Durban, sua cidade natal, e foi morar em Freetown, na Serra Leoa (África), onde recebia US$ 15 por mês dando aulas de geografia.
Ebes teme ser repatriado para a África, onde acha que será assassinado porque não cumpriu sua missão.



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