São Paulo, Quinta-feira, 22 de Julho de 1999
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NA CÂMARA
Maeli Vergniano depôs à comissão que analisa sua cassação
Vereadora diz ser vítima de complô de adversários

OTÁVIO CABRAL
da Reportagem Local

A vereadora Maeli Vergniano (sem partido) afirmou ontem existir um complô de adversários políticos com o objetivo de destruir sua carreira política. A afirmação foi feita durante depoimento à comissão processante que analisa a cassação de seu mandato.
Em duas horas de depoimento, a vereadora repetiu pelo menos 20 vezes desconhecer todas as denúncias apresentadas contra ela no relatório da CPI da máfia da propina.
Maeli é acusada de quebra de decoro parlamentar, o que pode lhe custar o mandato. Segundo o relatório da CPI, ela utilizava um carro e um motorista cedidos pela empresa Vega Engenharia Ambiental, responsável pela coleta de lixo na Regional de Pirituba, que era controlada por Maeli.
Além disso, a vereadora é acusada de contratar funcionários que não trabalhavam no gabinete, de comandar uma rede de propina na regional, de receber uma ambulância de uma empresa de saúde que tem contrato com a prefeitura e de enriquecimento ilícito.
O complô, segundo Maeli, é arquitetado por dois ex-funcionários de seu gabinete, o motorista Elizeu Sanches e a secretária Maria Regina de Souza Inácio. Em depoimentos à CPI e à polícia, os dois denunciaram as supostas irregularidades cometidas por Maeli. Ontem, os dois confirmaram as declarações em depoimentos à comissão.
Em seu depoimento de ontem, Maeli atrelou os dois ex-funcionários a dois adversários políticos que querem prejudicá-la. De acordo com ela, Maria Regina foi secretária do ex-deputado e candidato derrotado a vereador Carlos Apolinário (PMDB). Como Maeli, Apolinário tem como base eleitoral os fiéis da igreja evangélica Assembléia de Deus.
Já Sanches, segundo Maeli, tem como advogado o ex-vereador Evaldo Pereira da Silva, candidato derrotado na última eleição municipal, que tem a maioria dos votos em Pirituba, mesma região da vereadora. "O Elizeu e a Maria Regina se uniram para fazer as denúncias. Eles montaram um esquema de terrorismo para me prejudicar perante meu eleitorado", afirmou Maeli.
Os dois políticos não haviam sido encontrados pela reportagem até às 20h. Sanches e Maria Regina negaram qualquer relação entre as denúncias e os políticos.
A vereadora também buscou desacreditar as testemunhas, afirmando que os dois foram demitidos de seu gabinete por incompetência. Por isso, estariam buscando se vingar.
Visivelmente nervosa, a vereadora chorou ao final do depoimento. Segundo assessores, Maeli se isolou desde o início das denúncias. Para combater a ansiedade, ela tem comido muito. Assessores afirmam que ela engordou pelo menos cinco quilos desde o início das investigações.


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