São Paulo, quinta-feira, 22 de agosto de 2002

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VIOLÊNCIA

Na sala de aula, mecânico segura estudante de 14 anos para que W., 14, o esfaqueasse por supostas ofensas à irmã

No DF, pai se une a filho para agredir menor

Davi Zocoli/"Jornal de Brasília"/Nehil Hamilton/"CBPress"
O mecânico Wilson Mateus Domingos, 38 (à esq.), que está preso sob acusação de tentativa de homicídio do estudante D., 14 (à dir.)


FERNANDA NARDELLI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O mecânico Wilson Mateus Domingos, 38, foi preso anteontem à noite acusado de entrar no Centro Educacional 201, em Santa Maria (cidade-satélite do Distrito Federal), segurar e agredir o aluno D.R., 14, que estava na sala de aula, para que seu filho, W.M.D., 14, o esfaqueasse.
A agressão ocorreu durante o horário de aula, quando pai e filho entraram na escola e, acompanhados por uma funcionária, foram à sala do estudante. Domingos teria começado a briga. Depois de imobilizado pelo adulto, D. foi esfaqueado por W. no abdômen e nas nádegas. Outros alunos apartaram a briga, enquanto o agredido saía pela janela e se escondia na direção do colégio.
Domingos e o filho -que não estuda no colégio- fugiram de carro e foram alcançados pela polícia pouco depois. O mecânico está preso e o menor está internado no Caje (Centro de Atendimento Juvenil Especializado).
Segundo a polícia, até agora nenhum advogado assumiu a defesa do mecânico, suspeito de tentativa de homicídio. Nenhum dos envolvidos na briga tem passagem anterior pela polícia.
Os dois adolescentes haviam brigado na semana passada na rua do colégio. Segundo depoimento dos agressores na 33ª Delegacia de Polícia de Santa Maria, a vítima teria ameaçado o outro menor de morte na ocasião.
O motivo da briga, ainda de acordo com o depoimento dos acusados, seria uma série de ofensas que D. estava fazendo à irmã do menor agressor, que também estuda no Centro Educacional 201. O pai teria, então, resolvido tirar satisfações com o estudante.
À reportagem, a vítima negou essa versão. Ele disse que não conhece a irmã de W. e que brigou sem saber o motivo, simplesmente pelo fato de ter sido chamado "para a porrada". Ele negou ter havido ameaças. D. sustenta a versão de que a primeira facada -no abdômen- teria sido dada por Domingos.
D. foi operado e está internado no Hospital Regional do Gama. Seu estado é bom. Até ontem à noite, ele não havia prestado depoimento na delegacia.
Para o diretor do colégio, Gerson Vieira, não houve falhas na segurança. Segundo ele, Domingos é pai de uma aluna e, por isso, tem livre acesso às dependências da escola. "Não há como uma escola barrar a entrada de um pai. Não existe educação sem família."
A mãe da vítima, V.S.R., declarou que confia na Justiça e aguarda providências do governo para melhorar a segurança nas escolas. "Agradeço a Deus por meu filho estar vivo. Mas amanhã uma outra mãe pode perder um filho na porta do colégio."

Colaborou IURI DANTAS, da Sucursal de Brasília


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