São Paulo, quinta-feira, 22 de agosto de 2002

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SEGURANÇA

Secretaria afastou três agentes acusados de agredir presos em tratamento; uma das vítimas teria se suicidado

Agressão em ala psiquiátrica é investigada

MARCELO CLARET
FREE-LANCE PARA A FOLHA VALE

A Secretaria de Estado da Administração Penitenciária afastou três agentes penitenciários da Casa de Custódia de Taubaté (130 km de São Paulo) acusados de espancar dois presos da ala de tratamento psiquiátrico do presídio.
A sindicância, aberta pela Corregedoria da Administração Penitenciária, também apura a responsabilidade na morte de um dos detentos, que teria se suicidado três dias depois da agressão.
A Corregedoria da Administração Penitenciária confirmou que o preso Vanildo Rodrigues, 21, teria sido espancado pelos agentes no dia 31 de julho, depois que tentou deixar a ala de tratamento pelo portão de acesso à administração da unidade prisional.
A tentativa de fuga ocorreu no momento em que funcionários do presídio teriam esquecido o portão do pavilhão Franklin Piza aberto durante os trabalhos de inspeção da penitenciária.
Rodrigues, que teve uma perna e um braço fraturados, foi encontrado morto, três dias após o suposto espancamento.
O outro caso confirmado na Casa de Custódia teria ocorrido no último dia 15, quando o detento Cícero Aparecido Siqueira, 27, se negou a receber medicamento.
Siqueira, que quase teria sido morto pelos agentes em razão das agressões, foi transferido para um hospital de Taubaté para receber tratamento médico. No mesmo dia, ele retornou à ala de tratamento do pavilhão Franklin Piza.
As agressões teriam sido praticadas pelos agentes penitenciários identificados apenas por Amauri, Calderani e Ubiratan.
Eles foram afastados anteontem dos trabalhos na Casa de Custódia, segundo a Secretaria da Administração Penitenciária.
Os dois casos de espancamentos foram confirmados pelo corregedor da Administração Penitenciária, Clayton Alfredo Nunes, que esteve na Casa de Custódia, na última sexta-feira, quando foi aberta a sindicância. Nunes, porém, não quis comentar o assunto.

Primeira vez
O coordenador da Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Paulo, João José Sady, disse que, até então, não tinha conhecimento de casos de espancamento de presos em alas de tratamento psiquiátrico. Segundo ele, a OAB vai acompanhar a apuração para verificar se os agressores serão punidos criminalmente.
"Nada justifica a violência. Nesse caso específico, os agentes podem, se condenados, responder por crime de tortura", disse o coordenador da OAB.


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