São Paulo, domingo, 22 de agosto de 2004

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Redução de danos enfrenta críticas

DA SUCURSAL DO RIO

A política de redução de danos, defendida pela rede nacional de usuários de drogas e que orienta ações que são apoiadas pelo Ministério da Saúde, não é consensual entre grupos ou órgãos públicos que trabalham com a questão das drogas no Brasil.
No Rio de Janeiro, por exemplo, a Secretaria Especial de Prevenção à Dependência Química, ligada à Prefeitura do Rio, faz duras críticas em sua página na internet a essa política.
"A redução de danos teve um preço trágico onde foi aplicada. Em alguns países, como Holanda, Suíça e Suécia, resultou num dramático aumento do uso de drogas. Como conseqüência, a Suécia, por exemplo, adotou uma severa política antidrogas ao constatar que as leis mais brandas causaram efeito devastador", diz a secretaria em seu site.
A secretaria lista ainda o que considera alguns perigos dessa política de redução de danos, como "promover programas que mantenham a adição", "a inversão do conceito de ser contra as drogas para saber como usar as drogas" ou a "disseminação da idéia de que o uso de drogas pode ser feito com segurança e de maneira responsável".

Narcóticos Anônimos
O grupo de Narcóticos Anônimos de São Paulo, por exemplo, não trabalha com a hipótese de usar com moderação ou responsabilidade drogas que tenham causado dependência.
Segundo o comitê de relações públicas da entidade, um dos princípios do NA é que, "para se recuperar", não se deve usar nenhum tipo de drogas.
"Não acreditamos no uso controlado", disse um integrante do comitê entrevistado pela Folha, mas que pediu para não ser identificado.
A política de redução de danos tem também muitos defensores. O Ministério da Saúde, por exemplo, estabeleceu, em março do ano passado, em sua Política da Saúde para Atenção Integral aos Usuários de Álcool e Outras Drogas, que a abstinência não deve ser a única meta viável e possível oferecida aos usuários.
Essa posição, no entanto, não exclui campanhas de prevenção e de incentivo ao não-uso da droga.
Uma das primeiras e mais visíveis ações da política de redução de danos no país foi implementada com o apoio do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo.
Em 1994, em convênio com o Ministério da Saúde, profissionais fizeram um trabalho com usuários de drogas injetáveis para ensiná-los a utilizar técnicas de eficácia comprovada para desinfecção de agulhas e seringas.


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