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Metrô acumula "buraco" de R$ 48 milhões
Déficit de janeiro a julho é 300% maior do que no mesmo período de 2005; secretário pede mais R$ 20 milhões ao Estado
Necessidade de equilibrar
as contas é argumento de
empresa para reivindicar
reajuste da tarifa, que está
sem aumento há 18 meses
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Metrô de São Paulo acumulou um "buraco" de R$ 48
milhões em suas contas nos
primeiros sete meses de 2006.
O déficit, 300% superior ao
do mesmo período de 2005
(quando beirou R$ 12 milhões),
é a principal alegação da empresa para querer reajuste da
tarifa, de R$ 2,10 para R$ 2,30.
O presidente do Metrô, Luiz
Carlos Frayze David, disse na
semana passada, em entrevista
à Folha, que já havia exposto
ao governador Cláudio Lembo
(PFL) a necessidade do aumento, mas que via dificuldades num momento eleitoral.
"Não vamos ser hipócritas. É
muito difícil conseguir um reajuste da tarifa às vésperas da
eleição", disse. Lembo apóia as
candidaturas dos tucanos Geraldo Alckmin (Presidência) e
José Serra (governo paulista).
O crescimento do déficit se
deu em meio à integração da
rede metroviária ao bilhete
único, iniciada no fim de 2005.
A gestão Lembo atribui a disparada a fatores diversos, principalmente ao aumento das
gratuidades -usuários que viajam sem pagar ou com descontos, como estudantes e idosos.
O secretário dos Transportes
Metropolitanos, Jurandir Fernandes, diz que já pediu um reforço de R$ 20 milhões de subsídios do Estado (15% da previsão de 2006), mas afirma ser
possível reverter esse quadro
mesmo sem elevar a tarifa.
O Metrô de São Paulo sempre exaltou a importância de
ter as contas equilibradas, independentes de verba do governo -exceto para gratuidades. A empresa avalia que essa
é uma das razões do sucesso de
sua imagem, ajudando também
na obtenção de empréstimos.
Na última terça, em entrevista à Folha, o presidente do Metrô falou sobre a necessidade
da elevação da passagem.
As declarações foram dadas
enquanto ele justificava a diferença da tarifa atual para a da
remuneração do concessionário da linha 4 (Luz-Vila Sônia),
que está em obras e deve ser repassada à iniciativa privada.
"Faz um ano e oito meses
que a tarifa do Metrô não é reajustada. Nós vamos lutar desesperadamente, como empresa,
até para continuar existindo,
que a tarifa do Metrô seja reajustada", disse, citando, em seguida, a passagem de R$ 2,30.
Um dia depois, em nota à imprensa, a direção do Metrô recuou e negou negociar qualquer elevação. Afirmou que
"não há data prevista" para nenhum aumento "nem antes
nem depois das eleições".
Desde a data do último reajuste, em janeiro de 2005, a inflação acumulada pelo IPCA
beira 8%. As despesas saltaram
10,5%, ante 3,8% de alta das receitas. Os empregados tiveram
dois dissídios no período.
De janeiro a julho de 2005,
os gastos do Metrô superaram
as receitas em 2,12%. Em 2006,
esse déficit atingiu 8,73%.
Embora seja apontada por
alguns como solução para ajustar a situação financeira da
companhia, a alta da passagem
é sempre criticada por especialistas em transporte, para
quem ela só acentua a exclusão
dos mais pobres. Muitos defendem maior aporte de subsídios.
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