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Mercado pressiona fábrica ucraniana, afirma Fiocruz
Farmanguinhos diz para diabéticos não suspenderem uso da insulina da Ucrânia
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DO RIO
A direção do Farmanguinhos
(Instituto de Tecnologia em
Fármacos), da Fiocruz, atribuiu as críticas à qualidade da
insulina ucraniana à pressão
das multinacionais farmacêuticas que fabricam o produto.
Em nota divulgada ontem, no
Rio, o instituto afirmou ter denunciado às autoridades do Ministério da Saúde ""as fortes
pressões de concorrentes que
já atuam há muitos anos contra
a economia do Brasil com práticas monopolistas, que vêm
utilizando pessoas desavisadas" para questionar a qualidade da insulina ucraniana.
Farmanguinhos disse que a
suspensão da importação da insulina da Ucrânia, determinada
ontem pela Anvisa, ""diferentemente do que pode dar a entender tal medida", não significa
existência de risco sanitário para o seu uso.
A nota informa também que
o produto vem sendo utilizado
na Ucrânia por milhares de diabéticos, e que mais de 25 milhões de doses foram aplicadas
no Brasil ""com alta eficácia e
insignificante freqüência de
reações adversas (...) o que é
mais convincente do que qualquer estudo encomendado". A
citação é uma referência ao relatório ucraniano que aponta
falhas nos estudos clínicos.
Segundo o Farmanguinhos, a
""verdadeira razão"" para a medida tomada pela Anvisa é que o
instituto Indar pediu nova inspeção à sua planta de produção
em Kiev, o que incluiria uma visita a um novo laboratório de
fermentação da fábrica construído fora daquela cidade.
A diretoria alega que a equipe
da Anvisa que esteve na Ucrânia, em junho, não teve tempo
de visitar o tal laboratório adicional e concluiu que uma etapa da produção estaria acontecendo em laboratório não-certificado pelo governo brasileiro.
Qualidade atestada
Segundo a diretoria do Farmanguinhos, os diabéticos que
estão fazendo uso do produto
ucraniano podem continuar a
fazê-lo porque sua qualidade
foi atestada no centro de testes
farmacêuticos da Universidade
Federal de Santa Maria (RS).
O diretor do Farmanguinhos,
Eduardo Costa, principal responsável pelo acordo firmado
entre o Brasil e a Ucrânia, vem
reagindo às críticas do meio
médico à qualidade da insulina
ucraniana há algum tempo.
Em uma entrevista ao site da
Fiocruz, ele disse que o mercado mundial de insulina é oligopolizado e que apenas três empresas detêm cerca de 60% das
vendas mundiais. Ele acusou as
multinacionais de terem ""levado à destruição" a empresa brasileira Biobrás, que produzia
insulina em Minas Gerais e foi
adquirida pela Novo Nordisk,
em 2000.
Segundo Eduardo Costa, depois do acordo com o instituto
Indar, o preço da insulina nas
licitações do Ministério da Saúde caiu 50%, com economia
anual de cerca de R$ 80 milhões para o governo.
Ele afirmou que a estimativa
é que em quatro anos a economia para o país chegará a mais
de R$ 300 milhões e, em 15
anos, a cerca de R$ 1,2 bilhão.
"A insulina é estratégica para
o país e vital para cerca de 600
mil brasileiros insulinodependentes", disse Costa.
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