São Paulo, sexta-feira, 22 de agosto de 2008

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Mercado pressiona fábrica ucraniana, afirma Fiocruz

Farmanguinhos diz para diabéticos não suspenderem uso da insulina da Ucrânia
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DO RIO

A direção do Farmanguinhos (Instituto de Tecnologia em Fármacos), da Fiocruz, atribuiu as críticas à qualidade da insulina ucraniana à pressão das multinacionais farmacêuticas que fabricam o produto.
Em nota divulgada ontem, no Rio, o instituto afirmou ter denunciado às autoridades do Ministério da Saúde ""as fortes pressões de concorrentes que já atuam há muitos anos contra a economia do Brasil com práticas monopolistas, que vêm utilizando pessoas desavisadas" para questionar a qualidade da insulina ucraniana.
Farmanguinhos disse que a suspensão da importação da insulina da Ucrânia, determinada ontem pela Anvisa, ""diferentemente do que pode dar a entender tal medida", não significa existência de risco sanitário para o seu uso.
A nota informa também que o produto vem sendo utilizado na Ucrânia por milhares de diabéticos, e que mais de 25 milhões de doses foram aplicadas no Brasil ""com alta eficácia e insignificante freqüência de reações adversas (...) o que é mais convincente do que qualquer estudo encomendado". A citação é uma referência ao relatório ucraniano que aponta falhas nos estudos clínicos.
Segundo o Farmanguinhos, a ""verdadeira razão"" para a medida tomada pela Anvisa é que o instituto Indar pediu nova inspeção à sua planta de produção em Kiev, o que incluiria uma visita a um novo laboratório de fermentação da fábrica construído fora daquela cidade.
A diretoria alega que a equipe da Anvisa que esteve na Ucrânia, em junho, não teve tempo de visitar o tal laboratório adicional e concluiu que uma etapa da produção estaria acontecendo em laboratório não-certificado pelo governo brasileiro.

Qualidade atestada
Segundo a diretoria do Farmanguinhos, os diabéticos que estão fazendo uso do produto ucraniano podem continuar a fazê-lo porque sua qualidade foi atestada no centro de testes farmacêuticos da Universidade Federal de Santa Maria (RS).
O diretor do Farmanguinhos, Eduardo Costa, principal responsável pelo acordo firmado entre o Brasil e a Ucrânia, vem reagindo às críticas do meio médico à qualidade da insulina ucraniana há algum tempo.
Em uma entrevista ao site da Fiocruz, ele disse que o mercado mundial de insulina é oligopolizado e que apenas três empresas detêm cerca de 60% das vendas mundiais. Ele acusou as multinacionais de terem ""levado à destruição" a empresa brasileira Biobrás, que produzia insulina em Minas Gerais e foi adquirida pela Novo Nordisk, em 2000.
Segundo Eduardo Costa, depois do acordo com o instituto Indar, o preço da insulina nas licitações do Ministério da Saúde caiu 50%, com economia anual de cerca de R$ 80 milhões para o governo.
Ele afirmou que a estimativa é que em quatro anos a economia para o país chegará a mais de R$ 300 milhões e, em 15 anos, a cerca de R$ 1,2 bilhão.
"A insulina é estratégica para o país e vital para cerca de 600 mil brasileiros insulinodependentes", disse Costa.


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