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Grandes obras de combate a enchentes patinam em SP
Reservatórios de água das chuvas na capital do Estado não saem do papel
Desde o último verão, quando 12 morreram por conta de temporais, região metropolitana ganhou só um piscinão
EDUARDO GERAQUE
JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO
A execução de grandes
obras para minimizar o impacto das enchentes na capital e na zona metropolitana
de São Paulo avançou quase
nada desde o último verão,
quando temporais mataram
12 pessoas e fizeram o rio Tietê transbordar duas vezes.
Na capital, nenhum dos
piscinões planejados pela
prefeitura sairá do papel até
o próximo verão, que começa
no dia 21 de dezembro.
Quatro reservatórios na região central -dois na praça
14 Bis e dois na praça da Bandeira- tiveram a licitação
suspensa pela prefeitura em
maio, por tempo indefinido.
Outro piscinão, o da Pompeia (zona oeste), que estava
incluído na Operação Urbana Água Branca, vai depender da conclusão de estudo
contratado pela prefeitura e
não ficará pronto este ano.
O piscinão com obras mais
avançadas, o do córrego dos
Machados (São Mateus), ficará pronto apenas em 2011.
No cenário metropolitano,
houve a entrega de um piscinão desde o último verão pelo governo estadual. Outros
dois estão na fase final de
construção, diz o Estado.
Na bacia do Tamanduateí,
uma das mais vulneráveis do
último verão e com mais
obras em curso, a capacidade de reter a água da chuva
em reservatórios vai aumentar 7% entre os dois verões.
Somados todos os piscinões estaduais em funcionamento hoje, eles seguram
27% do volume de água considerado ideal para que a região metropolitana não submerja mais. As 27 obras consumiram R$ 252 milhões em
praticamente dez anos.
"Não podemos passar a
impressão de que nada está
sendo feito. Temos contratados [para os próximos três
anos] R$ 180 milhões em
obras de canalizações e recuperação de rios e córregos",
diz Dilma Pena, secretária de
Saneamento e Energia do Estado de São Paulo.
A melhor situação está na
bacia do Pirajussara (zona
sul). O volume retido é de
64% do ideal. Na bacia do rio
Baquirivu (Guarulhos), nenhum dos 31 reservatórios
começou a ser feito.
IMBRÓGLIO
Fora as grandes obras,
manter aquilo que existe
também é problema. A prefeitura não consegue concluir uma licitação aberta em
junho para a limpeza dos
seus 19 piscinões. Após vários questionamentos de empresas, o processo foi suspenso pelo TCM (Tribunal de
Contas do Município).
Em fevereiro, o prefeito
Gilberto Kassab (DEM) rompeu os contratos com as empresas que limpavam esses
reservatórios após flagrar irregularidades no serviço.
Os contratos emergenciais
firmados à época têm validade de seis meses e vencerão
antes do fim da licitação
-com isso, a prefeitura terá
de utilizar seus homens e máquinas para a limpeza, facilitado por ser época de seca.
Outros projetos importantes avançaram pouco, como
os de melhoria da drenagem
urbana -de 57 projetos e atividades incluídos no Orçamento, 39 não tiveram um
centavo empenhado.
Dados da prefeitura mostram que até julho apenas
15,8% dos recursos previstos
para obras de drenagem e saneamento (R$ 32,4 milhões)
haviam sido empenhados.
O desempenho também
era ruim em itens como ampliação do Programa Córrego
Limpo (4,3%) e implantação
de parques urbanos (9,4%).
Números que batem com o
cenário real. De acordo com o
site Agenda 2012, da prefeitura, os 58 córregos listados no
programa deveriam estar
limpos em julho. O serviço
está concluído em apenas 23.
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