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RIO
Prefeitura investiu R$16 milhões na obra
Feira nordestina dá lugar a novo centro de cultura regional no Rio
FABIANA CIMIERI
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Depois de 58 anos de existência,
a feira dos nordestinos do Rio de
Janeiro ganhou, no último fim de
semana, status oficial de centro de
tradições, com direito a inclusão
no roteiro turístico da prefeitura.
A feira surgiu após a construção
da estrada Rio-Bahia, quando
muitos nordestinos migraram para a cidade. O ponto final era o
Campo de São Cristóvão, na zona
norte da cidade. Amigos e parentes que aguardavam os conterrâneos aproveitavam para vender
comidas típicas e tocar música.
A prática cresceu e passou a
ocupar todo o entorno do pavilhão de São Cristóvão. A prefeitura investiu R$ 16 milhões para reformar o pavilhão e abrigar a feira
nele, criando o Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas.
Com um cabrito comprado para o almoço, a comerciante cearense Rosália de La Cruz, 32 afirma que a feira é o único lugar onde encontra a iguaria. "Se acabar
isso aqui, morreu o Rio de Janeiro
para os nordestinos", diz.
Na noite de sábado o espaço foi
oficialmente inaugurado. Um público formado principalmente
por jovens assistiu aos shows de
Agnaldo Timóteo, Trio Nordestino, Geraldo Azevedo, Elba Ramalho e Forroçacana. A comemoração se estendeu até ontem.
Críticas
Com a obra, os feirantes, que
antes montavam e desmontavam
as barracas de ferro, adquiriram
pontos fixos com infra-estrutura
de luz, gás, água, esgoto e telefone.
Mas a mudança também aumentou os custos fixos: os feirantes agora pagam entre R$ 1.500 e
R$ 72 mil reais pelo ponto. Antes,
só pagavam taxas de água e de luz.
Dona da Bodega Potiguar, Shirley Barbosa da Silva, 41, reclama
da falta de mesas e de cadeiras.
"Está tudo desorganizado."
Para o presidente da Coopcampo (cooperativa dos barraqueiros
da feira de São Cristóvão), Agamenon de Almeida, não há como
se livrar dos "eternos insatisfeitos". Segundo ele, a troca da precariedade das antigas instalações
pelo novo espaço modernizado
deve aumentar em 80% o número
de frequentadores do local.
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