São Paulo, quarta-feira, 22 de setembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRÂNSITO

70 prefeituras do país prometem adotar hoje ações e campanhas de restrição aos autos; em SP, Marta evita ampliar desgaste

Apesar das eleições, dia sem carro cresce

DA REPORTAGEM LOCAL

Restringir a utilização do automóvel pela população a menos de duas semanas das eleições pode não ser uma medida popular, mas 70 prefeituras brasileiras anunciaram que vão participar hoje da jornada "Na Cidade Sem Meu Carro", movimento mundial que tenta estimular os motoristas a deixar seus veículos na garagem para aderir a uma forma alternativa de deslocamento -a pé, de bicicleta ou de transporte coletivo.
A proposta surgiu em 1998, na França, e é organizada no Brasil pela quarta vez pela ONG Ruaviva (Instituto da Mobilidade Sustentável) e pela ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos). A idéia é que os municípios adotem hoje medidas simbólicas de restrição do uso do carro -como liberar algumas ruas somente para pedestres e ciclistas- e promovam campanhas educativas de incentivo aos modos alternativos.
Especialistas apontam que a utilização indiscriminada dos automóveis é prejudicial à sociedade por agravar congestionamentos, poluição e acidentes de trânsito.
Apesar da proximidade das eleições, a adesão das prefeituras neste ano praticamente dobrou em relação a 2003. No mundo inteiro, serão mais de 1.200 cidades.
Entre os municípios brasileiros que prometem as principais atividades hoje estão Belo Horizonte (onde quarteirões do centro serão bloqueados para os carros e um trecho será transformado em jardim) e Porto Alegre (que terá oficinas de grafitagem com jovens).
Também haverá ações nas capitais Natal, Aracaju, Vitória, Salvador, Campo Grande e Teresina.
"É um período delicado por conta das eleições", afirma Nazareno Affonso, da ANTP. Ele diz que também houve problemas com a Justiça Eleitoral, que barrou campanhas em algumas áreas por temor de que fosse caracterizada propaganda institucional.
No ano passado, Curitiba chegou a bloquear 74 quadras do centro. Em 2004, nem participa.
A Folha apurou que a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) de São Paulo chegou a preparar um plano audacioso de fechamento de vias da região central. Voltou atrás depois do desgaste da administração Marta Suplicy (PT) ao inaugurar corredores que já privilegiam os ônibus.
Mesmo assim, a capital paulista terá uma bicicletada que sairá da av. Paulista em direção à região central, secretarias municipais recomendaram aos servidores que deixem seus automóveis em casa e espalharam 180 faixas com essa orientação à população. O secretário dos Transportes, Gerson Bittencourt, também prometeu ir trabalhar hoje de ônibus.
No Rio, a proposta de adesão foi votada no conselho de urbanismo, mas para vigorar em 2005.
(ALENCAR IZIDORO)


Texto Anterior: Há 50 anos: ONU adia debate sobre a China
Próximo Texto: Panorâmica - Câncer infantil: ONG lança projeto de novo centro de apoio
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.