São Paulo, sábado, 22 de setembro de 2007

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Brasil tem muitas bicicletas, mas pouquíssimas ciclovias

São 60 milhões de bicicletas, mais que o dobro de carros, mas só 2.500 km de ciclovias

Embora existam poucas ciclovias no país, houve, nos últimos quatro anos, crescimento de 316%; Dia Sem Carro ocorre hoje

FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

O Brasil tem 60 milhões de bicicletas -uma para cada três habitantes e mais que o dobro dos 29,1 milhões de carros-, mas só 2.500 km de ciclovias, segundo o Ministério das Cidades. Muitas delas devem ir às ruas hoje, Dia Mundial Sem Carro, nas 58 cidades brasileiras que participarão do evento.
Apesar do crescimento nos últimos quatro anos, quando as ciclovias aumentaram 316% -eram 600 km em 2003-, a estrutura para o transporte em bicicletas no país ainda é inferior à de países desenvolvidos. A Holanda, por exemplo, possui 34 mil km de ciclovias.
O número de cidades com vias exclusivas (ciclovias) ou que separam trechos das ruas (ciclofaixas) para as bicicletas também cresceu. Eram 60 em 1999 e agora são 279 -aumento de 365%. Em média, cada uma dessas 279 cidades conta com 8,9 km de ciclovias. O primeiro lugar é do Rio, com 140 km.
"O brasileiro usa pouco a bicicleta como meio de transporte por uma questão cultural. Além da falta de estrutura, o aumento da velocidade dos carros, principalmente nas grandes cidades, funciona como desestímulo, já que os ciclistas são uma das principais vítimas da violência no trânsito", disse o diretor de Mobilidade Urbana do ministério, Renato Boareto.
Ele defende que prefeituras se preocupem não apenas com criação de ciclovias, mas também com a integração entre bicicletas e outros meios, com a construção de estacionamentos em terminais de ônibus e de metrô, por exemplo.

Só 2,7% das viagens
Do total de bicicletas, 53% são usadas como transporte para o trabalho ou a escola, segundo o ministério. Mas apenas 2,7% dos cerca de 50,6 bilhões de deslocamentos ou viagens no país são feitos em bicicletas.
O uso como meio de transporte diminui com o tamanho da cidade. Em municípios entre 60 mil e 100 mil habitantes, elas são usadas em 8,74% dos deslocamentos. Em cidades com população superior a 1 milhão, esse índice é de 0,79%.
O presidente da comissão de bicicletas da ANTP (Associação Nacional do Transporte Público), Bill Prestada, é contra as ciclovias. Para ele, é preciso integrar as bicicletas aos outros meios de transporte e, para que isso ocorra, os motoristas devem respeitar e dar preferência aos ciclistas. "As ciclovias restringem a liberdade de locomoção dos ciclistas porque não levam para todos os lugares."


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