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Brasil tem muitas bicicletas, mas pouquíssimas ciclovias
São 60 milhões de bicicletas, mais que o dobro de carros, mas só 2.500 km de ciclovias
Embora existam poucas ciclovias no país, houve, nos últimos quatro anos, crescimento de 316%; Dia Sem Carro ocorre hoje
FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS
CAMPOS
O Brasil tem 60 milhões de
bicicletas -uma para cada três
habitantes e mais que o dobro
dos 29,1 milhões de carros-,
mas só 2.500 km de ciclovias,
segundo o Ministério das Cidades. Muitas delas devem ir às
ruas hoje, Dia Mundial Sem
Carro, nas 58 cidades brasileiras que participarão do evento.
Apesar do crescimento nos
últimos quatro anos, quando as
ciclovias aumentaram 316%
-eram 600 km em 2003-, a
estrutura para o transporte em
bicicletas no país ainda é inferior à de países desenvolvidos.
A Holanda, por exemplo, possui 34 mil km de ciclovias.
O número de cidades com
vias exclusivas (ciclovias) ou
que separam trechos das ruas
(ciclofaixas) para as bicicletas
também cresceu. Eram 60 em
1999 e agora são 279 -aumento
de 365%. Em média, cada uma
dessas 279 cidades conta com
8,9 km de ciclovias. O primeiro
lugar é do Rio, com 140 km.
"O brasileiro usa pouco a bicicleta como meio de transporte por uma questão cultural.
Além da falta de estrutura, o
aumento da velocidade dos carros, principalmente nas grandes cidades, funciona como desestímulo, já que os ciclistas são
uma das principais vítimas da
violência no trânsito", disse o
diretor de Mobilidade Urbana
do ministério, Renato Boareto.
Ele defende que prefeituras
se preocupem não apenas com
criação de ciclovias, mas também com a integração entre bicicletas e outros meios, com a
construção de estacionamentos em terminais de ônibus e de
metrô, por exemplo.
Só 2,7% das viagens
Do total de bicicletas, 53%
são usadas como transporte para o trabalho ou a escola, segundo o ministério. Mas apenas
2,7% dos cerca de 50,6 bilhões
de deslocamentos ou viagens
no país são feitos em bicicletas.
O uso como meio de transporte diminui com o tamanho
da cidade. Em municípios entre
60 mil e 100 mil habitantes,
elas são usadas em 8,74% dos
deslocamentos. Em cidades
com população superior a 1 milhão, esse índice é de 0,79%.
O presidente da comissão de
bicicletas da ANTP (Associação
Nacional do Transporte Público), Bill Prestada, é contra as ciclovias. Para ele, é preciso integrar as bicicletas aos outros
meios de transporte e, para que
isso ocorra, os motoristas devem respeitar e dar preferência
aos ciclistas. "As ciclovias restringem a liberdade de locomoção dos ciclistas porque não levam para todos os lugares."
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