|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PIERINO MASSENTI (1925-2009)
O cenógrafo viveu histórias de filmes
TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Pierino Massenti dizia que
o cinema vicia como cachaça.
Cenógrafo de filmes brasileiros e estrangeiros, ele não fez
da arte só uma profissão:
também viveu histórias que
poderiam estar em filmes.
Nascido em Roma, perdeu
a mãe quando tinha um ano.
Parentes o criaram porque o
pai não podia sustentá-lo.
Na 2ª Guerra, serviu na cavalaria. Contava que chegou
a andar sobre os corpos de
companheiros mortos.
Formado em artes, com o
final da guerra não achava
emprego em sua área e decidiu mudar para o Brasil.
Ao chegar, trabalhou pintando afrescos em igrejas mineiras. Mas um padre o demitiu quando ele teimou em
pintar anjinhos pelados.
Já em São Paulo, foi convidado para trabalhar na companhia de cinema Vera Cruz.
Foi responsável pela cenografia de 45 filmes, entre eles
"Tico-Tico no Fubá", "Uma
Certa Lucrécia" e "Sai de Baixo". Nos estúdios da companhia, em São Bernardo do
Campo (Grande SP), criou do
sertão aos canais de Veneza.
Há quatro meses, Gina,
com quem Pierino casou há
63 anos, descobriu que tinha
câncer. Com a morte iminente da mulher, ele entrou em
depressão. Dizia que queria
morrer antes. Logo depois,
descobriu que estava com
câncer exatamente nos mesmos órgãos que ela.
Morreu no último dia 13,
aos 84. Deixou Gina, que ainda vive, três filhos, sete netos
e um bisneto. Sua vida será
contada em um documentário, em fase de finalização.
coluna.obituario@uol.com.br
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Polícia acha remédios roubados no Fleury Índice
|