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CEARÁ
Morte de radialista iniciou apuração
Juiz nega crime e culpa deputado por denúncia
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Foi com ataques às investigações e a um adversário político
que o desembargador e ex-presidente do TRF (Tribunal Regional
Federal) da 5ª Região José Maria
Lucena e a mulher dele, a prefeita
de Limoeiro do Norte, Arivan Lucena (PTB), se defenderam da denúncia de que teriam sido os
mandantes da morte do radialista
Nicanor Linhares.
Linhares foi morto com 11 tiros
no dia 30 de junho, no estúdio da
rádio Vale do Jaguaribe, em Limoeiro do Norte. Após o crime,
sete pessoas foram assassinadas
na cidade. A chacina teria sido cometida pelos mesmos pistoleiros
que mataram Linhares, em represália às investigações.
"Já fomos condenados à execração pública, como na inquisição",
disse o desembargador Lucena
ontem, em Fortaleza. "É tudo
uma infâmia que está sendo usada como instrumento político."
O principal alvo de ataques foi o
deputado estadual Paulo Duarte
(PSDB), adversário de Lucena.
Segundo o desembargador, o deputado foi visto com promotores
e policiais que investigam o caso.
"O inquérito apurou somente
uma versão, a de Paulo Duarte."
"Ele tem o direito de espernear,
só lamento que ele faça isso agredindo as pessoas", disse Duarte. O
deputado negou que tenha interferido no rumo das investigações
e disse que nem conhece os promotores responsáveis pelo caso.
Lucena disse que teria havido
tortura contra um dos presos envolvidos com o crime e afirmou
que pediu ao governador Lúcio
Alcântara (PSDB), sem sucesso, a
presença da PF no caso.
A denúncia feita pelo Ministério
Público Estadual contra o desembargador será encaminhada à
Procuradoria da República, já que
ele tem direito a foro privilegiado
e só pode ser julgado pelo Superior Tribunal de Justiça. Já a prefeita terá o acompanhamento do
Tribunal de Justiça do Estado.
Lucena admitiu que "não se dava [bem]" com o radialista. Em
uma nota, ele questionou se a polícia teria investigado o fato de
que Linhares "recebia dinheiro de
políticos, à exceção da prefeita e
do desembargador".
Confirmou ainda que mantinha
amizade com o sargento do Exército Francisco Edésio de Almeida,
preso acusado de ter intermediado a contratação de pistoleiros.
"Mas isso não é indício de nada,
isso não prova nada."
O secretário da Segurança Pública, Wilson Nascimento, não
comentou as acusações.
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