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São Paulo, quarta-feira, 22 de outubro de 2003

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CEARÁ

Morte de radialista iniciou apuração

Juiz nega crime e culpa deputado por denúncia

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Foi com ataques às investigações e a um adversário político que o desembargador e ex-presidente do TRF (Tribunal Regional Federal) da 5ª Região José Maria Lucena e a mulher dele, a prefeita de Limoeiro do Norte, Arivan Lucena (PTB), se defenderam da denúncia de que teriam sido os mandantes da morte do radialista Nicanor Linhares.
Linhares foi morto com 11 tiros no dia 30 de junho, no estúdio da rádio Vale do Jaguaribe, em Limoeiro do Norte. Após o crime, sete pessoas foram assassinadas na cidade. A chacina teria sido cometida pelos mesmos pistoleiros que mataram Linhares, em represália às investigações.
"Já fomos condenados à execração pública, como na inquisição", disse o desembargador Lucena ontem, em Fortaleza. "É tudo uma infâmia que está sendo usada como instrumento político."
O principal alvo de ataques foi o deputado estadual Paulo Duarte (PSDB), adversário de Lucena. Segundo o desembargador, o deputado foi visto com promotores e policiais que investigam o caso. "O inquérito apurou somente uma versão, a de Paulo Duarte."
"Ele tem o direito de espernear, só lamento que ele faça isso agredindo as pessoas", disse Duarte. O deputado negou que tenha interferido no rumo das investigações e disse que nem conhece os promotores responsáveis pelo caso.
Lucena disse que teria havido tortura contra um dos presos envolvidos com o crime e afirmou que pediu ao governador Lúcio Alcântara (PSDB), sem sucesso, a presença da PF no caso.
A denúncia feita pelo Ministério Público Estadual contra o desembargador será encaminhada à Procuradoria da República, já que ele tem direito a foro privilegiado e só pode ser julgado pelo Superior Tribunal de Justiça. Já a prefeita terá o acompanhamento do Tribunal de Justiça do Estado.
Lucena admitiu que "não se dava [bem]" com o radialista. Em uma nota, ele questionou se a polícia teria investigado o fato de que Linhares "recebia dinheiro de políticos, à exceção da prefeita e do desembargador".
Confirmou ainda que mantinha amizade com o sargento do Exército Francisco Edésio de Almeida, preso acusado de ter intermediado a contratação de pistoleiros. "Mas isso não é indício de nada, isso não prova nada."
O secretário da Segurança Pública, Wilson Nascimento, não comentou as acusações.


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