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Escolas farão recuperação durante a aula
Rede municipal afirma que não tem condições de oferecer atividades extras a estudantes com deficiência em leitura
Segundo secretaria da
Educação, 23% dos alunos
de 5ª a 8ª séries têm
domínio insatisfatório
da língua portuguesa
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Secretaria Municipal de
Educação de São Paulo publicou anteontem uma portaria
que aponta que a prefeitura
tentará recuperar os alunos
com dificuldade de leitura durante o período regular de aula.
A gestão Gilberto Kassab (PFL)
afirma que não tem condições
de oferecer reforço extra a todos os estudantes que estão
com deficiências.
Um levantamento da pasta
aponta que 23% dos alunos de
5ª a 8ª séries, os alvos da medida, possuem um domínio insatisfatório da língua portuguesa.
"Como não temos condições
de oferecer reforço fora do período de aula para todos, decidimos dar uma maior orientação para a recuperação contínua [durante a aula]", disse a
diretora da Divisão de Ensino
Fundamental e Médio da pasta,
Regina Lico. A recuperação fora do período será oferecida
apenas em casos mais graves.
Segundo ela, algumas ações
da portaria eram aplicadas pelos professores, mas não estavam institucionalizadas. "Agora poderemos oferecer capacitação para os professores e material didático específico."
Uma das recomendações para a recuperação dentro do período regular de aula é reorganizar o espaço da sala, colocando os estudantes com dificuldades mais perto do professor.
Também serão usadas atividades em grupo, para que alunos
com melhor rendimento possam ajudar os outros.
Para o presidente da Aprofem (Sindicato dos Professores
e Funcionários Municipais de
São Paulo), Ismael Palhares Júnior, a medida é praticamente
inócua. "Neste momento, em
que vivemos uma crise na educação municipal, a opção deveria ser por uma forte recuperação paralela [fora do período de
aula]. Isso significaria mais
tempo de aprendizagem."
O professora afirma que a recuperação durante o período
de aula poderá atrasar o desenvolvimento dos demais estudantes. "É difícil trabalhar com
grupos em turmas tão grandes
como as nossas."
Segundo o Inep (instituto de
pesquisas do Ministério da
Educação), as classes de 5ª a 8ª
séries da rede municipal de São
Paulo possuem uma média de
35,2 estudantes, número acima
do verificado nacionalmente,
que é de 30,7.
"Esse realmente será um dificultador para que a iniciativa
tenha sucesso", disse a coordenadora do curso de pedagogia
da Unicamp, Ângela Fátima Soligo. "A idéia de trabalho em
grupo é bem aceita entre os teóricos. Mas se há muitos alunos
na turma, o professor não consegue conhecer as dificuldades
e as potencialidades de cada estudante, para assim formar
bem os grupos."
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