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Especialista português defende inovar sem copiar
Educador virou referência no país após inovações da Escola da Ponte
José Pacheco diz que escolas
brasileiras que se
inspiraram no modelo
criado por ele já começam a
apresentar bons resultados
DA SUCURSAL DO RIO
Algumas das inovações de escolas brasileiras têm como inspiração uma pequena escola no
norte de Portugal, que ganhou
fama no Brasil depois que o
educador Rubem Alves lançou
o livro "A Escola com que Sempre Sonhei sem Imaginar que
Pudesse Existir".
Por causa do crescente interesse de pedagogos brasileiros
pela experiência, o mentor da
Escola da Ponte, José Pacheco,
54, passou a dedicar boa parte
do seu tempo a palestras e a
cursos no Brasil e virou consultor da rede Pueri Domus Escolas Associadas.
Periodicamente, visita a
Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Amorim
Lima, na zona oeste de São
Paulo (leia texto na página ao
lado), que mudou a metodologia de ensino após contato com
a experiência portuguesa.
O que chamou a atenção de
vários educadores para a Escola da Ponte de Portugal, com 30
anos de existência, é o fato de
ela não se adequar aos padrões
tradicionais.
Não há divisão por séries e as
aulas não são separadas por
disciplinas. São os alunos que,
com a ajuda do professor, selecionam seus projetos de estudo. São eles também a indicar
para o professor quando se sentem preparados para serem
avaliados, e não o contrário.
Pacheco diz que há várias experiências brasileiras que estão
tendo sucesso ao seguir os mesmos passos, mas afirma que
não é o momento de dar visibilidade a elas. Veja trechos de
sua entrevista à Folha:
FOLHA - O trabalho de sua escola
em Portugal virou referência no Brasil. Mesmo assim, o senhor não acha
que há poucas escolas daqui que ousam mudar?
JOSÉ PACHECO - Já não são poucas as escolas brasileiras que
ousaram inspirar-se na prática
da Escola da Ponte. Mas continuarão invisíveis até o momento em que adquiram sustentabilidade e possam ser reveladas. As mudanças em educação
são sempre lentas. A visibilidade social precoce mata os projetos inovadores.
Venho acompanhando processos de mudança bem pensados, planejados, refletidos e
avaliados, sem nada de improviso. Só coloco uma condição às
escolas que acompanho: que a
Escola da Ponte seja inspiração, mas que não seja objeto de
imitações. A Ponte não pode
correr o risco de se converter
em mais uma moda pedagógica, ou num mito inútil.
FOLHA - Como preparar alunos de
escolas com projetos pedagógicos
diferentes para se acostumarem
com os modelos tradicionais?
PACHECO - Na Ponte, os alunos
aprendem a fazer prova, embora não contem para avaliação,
pois terão de fazer provas no
futuro em muitas situações e
lugares. Formamos nossos alunos para a autogestão do tempo
e para se adaptarem ao ritmo
do toque de uma campainha.
Eles aprendem a estar em qualquer contexto. Sabem ser solidários, mas não deixam de ser
competitivos.
FOLHA - A Escola da Ponte foi bem
em avaliações nacionais?
PACHECO - Sim. Ela foi avaliada
por testes, iguais para todas as
escolas, e ficou classificada entre as melhores. Foi a única escola portuguesa avaliada por
uma comissão nomeada pelo
Ministério da Educação. Os relatórios revelaram a excelência
do projeto. A partir dos dados, o
ministério reconheceu a Ponte
como referência.
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