São Paulo, segunda-feira, 22 de outubro de 2007

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Jovem é espancado em novo ataque de punks

Nove pessoas foram presas, entre eles dois menores de idade; vítima terá de passar por cirurgia de reconstrução facial

Crime ocorreu no centro de SP, a poucos metros da sede da Rota; para a polícia, rapaz agredido foi escolhido a esmo

DA REPORTAGEM LOCAL

Um adolescente de 17 anos foi espancado a socos e pontapés por um grupo de cerca de 20 punks anteontem à noite, no centro de São Paulo, segundo a polícia paulista. Nove deles foram presos, entre eles dois menores de idade. É o segundo ataque de punks na capital paulista em uma semana.
O estudante Guilherme Witiuk Ferreira de Carvalho, 17, sofreu lesões na cabeça e na região cervical e fraturas na face. Ontem à noite, ele permanecia internado no hospital, mas seu quadro de saúde era estável. Ele deve passar por uma cirurgião de reconstrução de face.
O ataque ao adolescente ocorreu na avenida Tiradentes, no Bom Retiro (centro de SP), a poucos metros da sede da Rota (Ronda Ostensivas Tobias de Aguiar), da Polícia Militar. Ele estava com cinco amigos quando foi cercado pelo grupo. Os amigos escaparam ilesos.
Carvalho foi encontrado por PMs caído na rua e descalço. Dois amigos do jovem, que testemunharam a agressão, reconheceram os nove jovens presos. O restante conseguiu fugir.
Karoline Ribeiro de Castro, 18, Hudson Guimarães Rodrigues, 19, Johni Raoni Falcão Galanciak, 21, Antonio Thiago Borges de Oliveira, 24, Bruno Finotti Rezende, 26, Thiago Pedro Sousa Severino, 18, Bruno Ribeiro Brito, 19, uma garota de 16 anos e um jovem de 17 foram indiciados por tentativa de homicídio, formação de quadrilha e roubo -o tênis de Carvalho foi levado durante as agressões.
Com o grupo, a polícia apreendeu um bilhete que pregava a união entre os punks. Segundo a Secretaria da Segurança Pública, a investigação indica que Carvalho e os amigos foram escolhidos a esmo. Não há indícios de crime por intolerância racial ou sexual ou por conflito entre grupos rivais.
"Chegaram batendo. Só isso que posso dizer", diz o estudante Maurício Scaciota Simões, 18, que estava com o jovem agredido. A família de Carvalho não quis falar com a imprensa.
Segundo Sérgio Eduardo Migliorini, cirurgião bucomaxilofacial do Hospital Nossa Senhora de Lourdes, onde o estudante está internado, ele foi atingido por socos e pontapés. "Ele está bem machucado. Os agressores foram cruéis e optaram por machucar o rosto."
Carvalho estava consciente. "Perguntei se lembrava da agressão e ele me disse que sim, mas não me aprofundei para não aumentar o trauma."
O jovem passará por novas avaliações neurológicas. A previsão é de que ele passe por uma cirurgia de reconstrução facial na quinta ou sexta-feira.
Todos os presos têm ocupação: quatro são estudantes e cinco têm empregos fixos. Eles residem em regiões diferentes da capital paulista e da Grande São Paulo. A maioria mora em bairros de classe média baixa.
Segundo a polícia, o grupo se encontrou para participar de um show punk na região do Bom Retiro. Os sete adultos, entre eles uma jovem, ainda estavam ontem na carceragem do 2º DP (Bom Retiro). Os dois menores foram para a Fundação Casa (antiga Febem).
Esse foi o segundo ataque de punks em uma semana. No último dia 14, dois homens e uma mulher foram presos acusados de matar o atendente de uma pizzaria no centro de SP. Ele teria se recusado a dar pedaços de pizza sem cobrar.
Desde o começo do ano, outras quatro pessoas foram mortas a facadas por pessoas que se identificaram como punks. O francês Grégor Erwan Landouar, 35, foi assassinado em junho após sair de um restaurante com colegas que participaram da Parada Gay.
No mesmo mês, um garçom também foi morto em um bar nos Jardins (zona oeste) porque teria se recusado a emprestar um isqueiro. Em março, dois jovens foram mortos a facadas após uma briga entre punks na Penha (zona leste).
(GILMAR PENTEADO, DANIELA TÓFOLI E JOSÉ ERNESTO CREDENDIO)


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