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Jovem é espancado em novo ataque de punks
Nove pessoas foram presas, entre eles
dois menores de idade; vítima terá de
passar por cirurgia de reconstrução
facial
Crime ocorreu no centro
de SP, a poucos metros
da sede da Rota; para a
polícia, rapaz agredido
foi escolhido a esmo
DA REPORTAGEM LOCAL
Um adolescente de 17 anos
foi espancado a socos e pontapés por um grupo de cerca de
20 punks anteontem à noite, no
centro de São Paulo, segundo a
polícia paulista. Nove deles foram presos, entre eles dois menores de idade. É o segundo
ataque de punks na capital paulista em uma semana.
O estudante Guilherme Witiuk Ferreira de Carvalho, 17,
sofreu lesões na cabeça e na região cervical e fraturas na face.
Ontem à noite, ele permanecia
internado no hospital, mas seu
quadro de saúde era estável. Ele
deve passar por uma cirurgião
de reconstrução de face.
O ataque ao adolescente
ocorreu na avenida Tiradentes,
no Bom Retiro (centro de SP), a
poucos metros da sede da Rota
(Ronda Ostensivas Tobias de
Aguiar), da Polícia Militar. Ele
estava com cinco amigos quando foi cercado pelo grupo. Os
amigos escaparam ilesos.
Carvalho foi encontrado por
PMs caído na rua e descalço.
Dois amigos do jovem, que testemunharam a agressão, reconheceram os nove jovens presos. O restante conseguiu fugir.
Karoline Ribeiro de Castro,
18, Hudson Guimarães Rodrigues, 19, Johni Raoni Falcão
Galanciak, 21, Antonio Thiago
Borges de Oliveira, 24, Bruno
Finotti Rezende, 26, Thiago Pedro Sousa Severino, 18, Bruno
Ribeiro Brito, 19, uma garota de
16 anos e um jovem de 17 foram
indiciados por tentativa de homicídio, formação de quadrilha
e roubo -o tênis de Carvalho
foi levado durante as agressões.
Com o grupo, a polícia
apreendeu um bilhete que pregava a união entre os punks. Segundo a Secretaria da Segurança Pública, a investigação indica que Carvalho e os amigos foram escolhidos a esmo. Não há
indícios de crime por intolerância racial ou sexual ou por
conflito entre grupos rivais.
"Chegaram batendo. Só isso
que posso dizer", diz o estudante Maurício Scaciota Simões,
18, que estava com o jovem
agredido. A família de Carvalho
não quis falar com a imprensa.
Segundo Sérgio Eduardo Migliorini, cirurgião bucomaxilofacial do Hospital Nossa Senhora de Lourdes, onde o estudante está internado, ele foi
atingido por socos e pontapés.
"Ele está bem machucado. Os
agressores foram cruéis e optaram por machucar o rosto."
Carvalho estava consciente.
"Perguntei se lembrava da
agressão e ele me disse que sim,
mas não me aprofundei para
não aumentar o trauma."
O jovem passará por novas
avaliações neurológicas. A previsão é de que ele passe por
uma cirurgia de reconstrução
facial na quinta ou sexta-feira.
Todos os presos têm ocupação: quatro são estudantes e
cinco têm empregos fixos. Eles
residem em regiões diferentes
da capital paulista e da Grande
São Paulo. A maioria mora em
bairros de classe média baixa.
Segundo a polícia, o grupo se
encontrou para participar de
um show punk na região do
Bom Retiro. Os sete adultos,
entre eles uma jovem, ainda estavam ontem na carceragem do
2º DP (Bom Retiro). Os dois
menores foram para a Fundação Casa (antiga Febem).
Esse foi o segundo ataque de
punks em uma semana. No último dia 14, dois homens e uma
mulher foram presos acusados
de matar o atendente de uma
pizzaria no centro de SP. Ele teria se recusado a dar pedaços de
pizza sem cobrar.
Desde o começo do ano, outras quatro pessoas foram mortas a facadas por pessoas que se
identificaram como punks. O
francês Grégor Erwan Landouar, 35, foi assassinado em
junho após sair de um restaurante com colegas que participaram da Parada Gay.
No mesmo mês, um garçom
também foi morto em um bar
nos Jardins (zona oeste) porque teria se recusado a emprestar um isqueiro. Em março,
dois jovens foram mortos a facadas após uma briga entre
punks na Penha (zona leste).
(GILMAR PENTEADO, DANIELA TÓFOLI E
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO)
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