São Paulo, quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Em depoimentos, PMs dizem que só invadiram após tiro

DA REPORTAGEM LOCAL

Em seus depoimentos à Polícia Civil na noite de sexta-feira, logo após Eloá Pimentel, 15, ter sido baleada pelo ex-namorado, Lindemberg Alves Fernandes, 22, todos os cinco PMs do Gate (Grupo de Ações Táticas) afirmaram que só invadiram o apartamento em que a jovem era feita refém após terem ouvido um tiro no local.
Segundo o tenente Paulo Sérgio Schiavo, 34, chefe da equipe tática do Gate, o tiro que, na versão dele, motivou sua ordem para que o local fosse invadido, foi dado por Lindemberg por volta das 18h.
Um disparo no apartamento, ainda segundo a versão dos PMs, por volta das 14h, fez com que os comandantes da operação, coronel Eduardo José Félix e capitão Adriano Giovanini, ordenassem que, caso ocorresse um novo tiro, o Gate invadisse o local. E foi essa determinação que o tenente Schiavo disse ter seguido às 18h.
As gravações oficiais da PM da negociação entre o capitão Giovanini e Lindemberg mostram que ambos conversaram por celular até as 17h57, quando a bateria do aparelho do PM acabou e ele foi recarregá-la num carro dos bombeiros. Nesse momento, houve a invasão.
O responsável por acionar o explosivo colocado na porta do apartamento foi o sargento Frederico Mastria, 47. Na seqüência, o soldado Maurício Martins de Oliveira, 27, tentou pôr a porta abaixo, mas isso demorou alguns segundos porque ela estava escorada por móveis.
Ainda na versão dos PMs, o soldado Daylson Moreira Pereira, 25, foi o primeiro a entrar. Ele segurava um escudo para proteger os demais PMs. Pereira disse ter sentido o impacto de um tiro no escudo. Foi o sargento Mario Magalhães Neto, 33, quem atirou com bala de borracha na direção de Lindemberg e não o atingiu.
Para os PMs, Lindemberg só parou de atirar com o revólver calibre 32 após ficar sem munição. Ele jogou a arma no chão e foi dominado pelo sargento Magalhães. O tenente Schiavo disse ter ouvido o preso falar "que estava vivo e que matara mesmo Eloá".

Imagens das TVs
Tanto a Corregedoria da Polícia Militar quanto os peritos da Polícia Técnico Científica estudam gravações feitas por equipes de televisão para esclarecer o momento exato dos tiros no apartamento e se eles foram dados por Lindemberg antes ou depois da invasão dos PMs do Gate.
Uma das imagens que será utilizada pelo Gate para comprovar a versão de que a invasão ocorreu somente depois de Lindemberg ter dado um tiro foi captada pela TV Record.
Na gravação, é possível ouvir, ainda antes da detonação dos explosivos que estavam na porta do apartamento, um barulho semelhante a um tiro. Mas os peritos também analisam gravações feitas pela TV Globo que não mostram o mesmo barulho captado pela Record.
(KLEBER TOMAZ e ANDRÉ CARAMANTE)


Texto Anterior: Promotora apura volta de Nayara a cativeiro
Próximo Texto: Gilberto Dimenstein: Beco com saída
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.