São Paulo, sábado, 22 de outubro de 2011

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Rio apura suspeita de extorsão do tráfico em obra

Criminosos teriam exigido dinheiro para permitir construção de ponte na zona norte

DIANA BRITO

DO RIO

A Polícia Civil do Rio investiga a suspeita de que traficantes do Complexo da Maré estejam extorquindo dinheiro da construtora Queiroz Galvão para permitir a continuação das obras de uma ponte de 780 metros da Ilha do Fundão à Linha Vermelha, na zona norte.
A Ilha do Fundão, onde está um campus da UFRJ e onde o Estado planeja instalar um polo de alta tecnologia, é cercada por favelas do complexo.
Em depoimento à polícia, um funcionário da construtora disse que há dez dias um homem que se identificou como membro da Associação de Moradores da Vila do João, uma das favelas, entregou uma carta na qual pedia que a empresa doasse 20 motos elétricas para a festa do Dia das Crianças, organizada pela entidade.
De acordo com o delegado Aguinaldo Silva, o pedido pode caracterizar extorsão, daí a decisão de investigar o caso.
Silva disse que empregados não confirmaram a informação, publicada ontem pelo jornal "Extra", de que traficantes pediram R$ 2 milhões à construtora para permitir as obras.
Segundo o jornal, operários foram ameaçados por traficantes armados, o que, afirmou o delegado, não se confirmou nos depoimentos.
A assessoria da Queiroz Galvão disse à Folha que não vai se pronunciar no momento.
Apesar de não haver confirmação da presença de traficantes no canteiro de obras, o Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) vem fazendo incursões na Maré desde a semana passada. Ontem dois homens foram mortos.
O complexo não tem UPP (Unidade de Polícia Pacificadora). A Secretaria de Segurança diz que ele será pacificado, mas não há data prevista.
O policiamento no entorno do canteiro de obras foi reforçado. Em nota, a Polícia Militar disse que isso foi feito não só "para garantir segurança aos funcionários da obra, mas com o objetivo principal de reduzir índices de criminalidade, principalmente roubos a pedestres e assaltos a ônibus".
O Complexo da Maré é considerado, hoje, um dos mais violentos do Rio. Está entre as principais vias de acesso ao centro e às zonas oeste e sul: a avenida Brasil e as linhas Vermelha e Amarela.


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