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São Paulo, sábado, 22 de novembro de 2003

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VIOLÊNCIA

Amigos e parentes de casal de estudantes assassinados fazem manifestação por mais rigor contra menor infrator

Passeata hoje, em SP, pede mudanças no ECA

Gabriel Toueg - 21.04.2002
Liana Friedenbach (centro) durante ato em abril de 2002, organizado pela comunidade judaica, contra o terrorismo no Oriente Médio


DA REPORTAGEM LOCAL

Parentes e amigos dos adolescentes Liana Friedenbach, 16, e Felipe Caffé, 19, assassinados há cerca de duas semanas em Embu-Guaçu (Grande São Paulo), realizam hoje uma passeata em prol de mudanças no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).
De acordo com a polícia, o mentor do crime é um adolescente de 16 anos. Atualmente, o ECA determina que o tempo máximo de internação para jovens infratores seja de três anos. A morte do casal colocou em evidência a discussão em torno da maioridade penal.
A passeata deve reunir cerca de 5.000 pessoas, segundo Dener Torres, presidente da Casa Assistencial Luz da Esperança, que apóia o ato. Familiares e amigos do casal vestirão blusas com uma foto de Liana e Felipe e a mensagem "paz com justiça". No carro de som que acompanhará a manifestação, serão tocadas músicas de Tim Maia e Legião Urbana, a pedido de estudantes do colégio São Luís, onde o casal estudava.
A escola, que oficialmente não integra o movimento, fará um culto ecumênico em frente à igreja São Luís Gonzaga, na Paulista, às 13h45. Dali, os participantes sairão para a Assembléia Legislativa, onde entregarão uma carta-manifesto a comissão de deputados. Também serão erguidas barracas na frente da Assembléia, pois Liana e Felipe haviam ido acampar quando foram mortos.
A intenção é que os deputados encaminhem ao Congresso Federal as reivindicações do grupo. Uma delas é a realização de um plebiscito para averiguar se a população brasileira quer ou não uma revisão do ECA.
Segundo Ricardo Rezende, membro da campanha "Crime não tem idade" e que acompanhará a passeata, já foram colhidas 800 mil assinaturas a favor da alteração da maioridade penal na Constituição. As assinaturas foram coletadas desde que a organização foi criada, há três anos, por familiares e amigos de Rodrigo Damus, morto por um adolescente de 17 anos, em um assalto.
Para a mãe de Felipe, Lenice Caffé, as propostas de alterações entregues pelo governador Geraldo Alckmin, anteontem, ao presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT), não são adequadas. O governador sugere, entre outras medidas, que o prazo de internação seja ampliado para oito anos, com a possibilidade de chegar a dez anos.
"Ficar dez anos na Febem [Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor], só fica quem quer. Quem não quer foge. Eles [os infratores] deveriam ser punidos como maiores de idade. A extensão do crime é a mesma -ele tirou uma vida", afirmou Lenice Caffé.


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