VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Além do começo da temporada de chuvas, os motoristas paulistanos têm mais um motivo para se preocupar com os 900 buracos que aparecem por dia em São Paulo: por falta de verba, as principais subprefeituras estão reduzindo o serviço de tapa-buraco.
Pelo menos três subprefeituras tiveram redução no fornecimento de material ou nas equipes de mão-de-obra para a recuperação das vias neste final de ano.
Nas subprefeituras de Pinheiros (zona oeste) e da Vila Mariana (zona sul), as três equipes que havia em cada uma foram reduzidas para uma. Na da Lapa (zona oeste), o fornecimento de material para o serviço foi cortado em cerca de 50%. O tamanho da equipe varia em cada subprefeitura.
Entre os motivos apontados pelas subprefeituras estão os cortes no orçamento da prefeitura (leia texto nesta página) e até problemas de "transição política".
Bia Pardi, subprefeita de Pinheiros, afirmou que a quantidade de equipes para a recuperação das vias esburacadas varia conforme a necessidade, sendo menor em períodos de seca, quando a demanda cai. "O problema é que agora [com as chuvas] nós não aumentamos a equipe."
Segundo ela, isso poderia ser feito, como ocorreu em outros anos, por meio de aditamentos (acréscimo em um valor de contrato), "mas agora vai mudar o governo, é diferente." Segundo ela, é "claro" que o problema está vinculado à fase de transição na prefeitura e que, com isso, vai demorar mais para fazer o serviço.
A Folha consultou 8 das 31 subprefeituras da cidade, mas, além da Lapa, Pinheiros e Vila Mariana, apenas a da Sé forneceu informações, negando qualquer tipo de redução do serviço. O gasto com o serviço não foi informado.
O problema é sentido por quem passa nas ruas esburacadas. O taxista Antonio Oséas da Silva, que trabalha há 22 anos na rua Oscar Freire, em Pinheiros (zona oeste), disse que a via parece "uma estrada de fazenda". "Hoje [sexta-feira] caí num buraco que deve ter entortado a roda do carro."
Claudio Mancusi, engenheiro de supervisão técnica da Subprefeitura da Vila Mariana, disse que as três equipes que tapavam buracos na região tiveram de ser reduzidas em razão da queda no fornecimento de material pela prefeitura. "Ficar com duas equipes ociosas não adianta." Ele disse não ter dúvida de que a redução nas equipes e no material prejudica a recuperação das vias e que o problema com o fornecimento é comum a outras subprefeituras.
O engenheiro da área de manutenção da Subprefeitura da Lapa, Osvaldo Yagui, disse que há cerca de um mês o volume de material para tapar os buracos da região foi reduzido em 50%. Yagui diz que a demanda ainda está sendo atendida, mas, se as chuvas continuarem fortes, a falta de material poderá "complicar" o trabalho.
São Paulo tem cerca de 900 buracos novos no asfalto diariamente, segundo dados da prefeitura.

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