São Paulo, quarta-feira, 22 de novembro de 2006

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Aids cresce entre pessoas de 50 anos ou mais

Já entre jovens do sexo masculino número de casos caiu de 1996 a 2005, diz boletim do Ministério da Saúde

LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A epidemia de Aids no Brasil avançou na população com 50 anos ou mais, tanto homens como mulheres, enquanto entre jovens do sexo masculino retrocedeu, entre 1996 e 2005.
O país também teve queda de 51,5% na transmissão vertical (quando a gestante transmite o HIV, vírus da Aids, para o filho). Os dados estão no "Boletim Epidemiológico 2006", divulgado pelo Ministério da Saúde com base em notificações de serviços públicos e privados.
Desde que a doença começou a ser monitorada, em 1980, até junho deste ano, o Brasil acumula 433.067 casos. Somente no ano passado, foram 33.142 registros, ou seja, 18 casos em cada 100 mil habitantes. É a menor incidência desde 2002.
Ao tratar dessa taxa por faixa etária, ela aumenta consideravelmente entre pessoas com 50 anos ou mais. Passa de 18,2 casos por 100 mil habitantes para 29,8 entre homens de 50 aos 59 anos. Para as mulheres, a taxa mais que dobra, subindo de 6 para 17,3.
A mesma tendência aparece entre os maiores de 60 anos. A diretora do Programa Nacional de DST e Aids, Mariângela Simão, aponta principalmente três fatores.
A mudança no comportamento sexual dos idosos, com a adoção de remédios para disfunção erétil, a resistência dos que têm mais de 50 anos em usar o preservativo e o fato de que parte dessas pessoas pode ter se infectado há dez anos.
Na direção contrária estão jovens do sexo masculino. Na faixa dos 13 aos 19 anos, a incidência cai de 2 casos por 100 mil habitantes em 1996 para 1,4 no ano passado. Dos 20 aos 24 anos, a queda é de 19,2 para 13,3. Mostra que campanhas voltadas ao uso do preservativo deram resultado nessa faixa.
Esse tipo de campanha é um dos fatores que levam o Brasil a aparecer como destaque no relatório "Situação da Epidemia de Aids 2006" no mundo, também divulgado ontem.
Já entre as meninas jovens a situação não é a mesma. Enquanto na população há 15 homens infectados para cada 10 mulheres, nas jovens a proporção inverte. São 18 meninas para cada 10 meninos entre 13 e 19 anos. Simão diz que uma preocupação é incrementar campanhas para populações com maior incidência.
No geral, Norte e Nordeste apresentaram as maiores altas nas taxas de Aids, enquanto Sudeste, com 62% dos casos acumulados, teve queda.
Resultado da política de dez anos de distribuição dos medicamentos anti-retrovirais, a incidência de morte por Aids caiu de 9,6 óbitos por 100 mil habitantes em 1996 a 6 em 2005.
Para o ministro Agenor Álvares (Saúde) é preciso uma "discussão realista" da política de preços de medicamentos adotada por laboratórios para que os países consigam manter a sustentabilidade da distribuição gratuita, como acontece no Brasil.


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