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Aids cresce entre pessoas de 50 anos ou mais
Já entre jovens do sexo masculino número de casos caiu de 1996 a 2005, diz boletim do Ministério da Saúde
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A epidemia de Aids no Brasil
avançou na população com 50
anos ou mais, tanto homens como mulheres, enquanto entre
jovens do sexo masculino retrocedeu, entre 1996 e 2005.
O país também teve queda de
51,5% na transmissão vertical
(quando a gestante transmite o
HIV, vírus da Aids, para o filho).
Os dados estão no "Boletim
Epidemiológico 2006", divulgado pelo Ministério da Saúde
com base em notificações de
serviços públicos e privados.
Desde que a doença começou
a ser monitorada, em 1980, até
junho deste ano, o Brasil acumula 433.067 casos. Somente
no ano passado, foram 33.142
registros, ou seja, 18 casos em
cada 100 mil habitantes. É a
menor incidência desde 2002.
Ao tratar dessa taxa por faixa
etária, ela aumenta consideravelmente entre pessoas com 50
anos ou mais. Passa de 18,2 casos por 100 mil habitantes para
29,8 entre homens de 50 aos 59
anos. Para as mulheres, a taxa
mais que dobra, subindo de 6
para 17,3.
A mesma tendência aparece
entre os maiores de 60 anos. A
diretora do Programa Nacional
de DST e Aids, Mariângela Simão, aponta principalmente
três fatores.
A mudança no comportamento sexual dos idosos, com a
adoção de remédios para disfunção erétil, a resistência dos
que têm mais de 50 anos em
usar o preservativo e o fato de
que parte dessas pessoas pode
ter se infectado há dez anos.
Na direção contrária estão
jovens do sexo masculino. Na
faixa dos 13 aos 19 anos, a incidência cai de 2 casos por 100
mil habitantes em 1996 para 1,4
no ano passado. Dos 20 aos 24
anos, a queda é de 19,2 para
13,3. Mostra que campanhas
voltadas ao uso do preservativo
deram resultado nessa faixa.
Esse tipo de campanha é um
dos fatores que levam o Brasil a
aparecer como destaque no relatório "Situação da Epidemia
de Aids 2006" no mundo, também divulgado ontem.
Já entre as meninas jovens a
situação não é a mesma. Enquanto na população há 15 homens infectados para cada 10
mulheres, nas jovens a proporção inverte. São 18 meninas para cada 10 meninos entre 13 e 19
anos. Simão diz que uma preocupação é incrementar campanhas para populações com
maior incidência.
No geral, Norte e Nordeste
apresentaram as maiores altas
nas taxas de Aids, enquanto Sudeste, com 62% dos casos acumulados, teve queda.
Resultado da política de dez
anos de distribuição dos medicamentos anti-retrovirais, a incidência de morte por Aids caiu
de 9,6 óbitos por 100 mil habitantes em 1996 a 6 em 2005.
Para o ministro Agenor Álvares (Saúde) é preciso uma "discussão realista" da política de
preços de medicamentos adotada por laboratórios para que
os países consigam manter a
sustentabilidade da distribuição gratuita, como acontece no
Brasil.
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