São Paulo, quinta-feira, 22 de novembro de 2007

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Cinco anos após diagnóstico de Aids, 87% continuam vivos

Situação não é uniforme: cai para 78% no Norte, contra 90% no Sudeste

ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Cinco anos após receberem o diagnóstico de Aids, 87% dos brasileiros continuaram vivos, de acordo com dados divulgados ontem pelo Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde.
O número se refere aos 29.778 pacientes diagnosticados em 2000, quatro anos depois da lei que tornou obrigatória a distribuição pelo SUS do coquetel anti-Aids.
A situação, porém, não é uniforme em todas as regiões do país: cai para 78% no Norte, contra 90% no Sudeste. Não há dados disponíveis por Estado.
Segundo o ministério, o levantamento é o primeiro a trazer esse tipo de recorte.
A projeção mostra também que 6,1% dos brasileiros com a doença diagnosticada morreram um ano depois -o dado novamente varia segundo a região do país: 13,9% no Norte e 12,1% no Nordeste, contra 3% no Sudeste.
O levantamento não considerou mortes de portadores do HIV por outras causas que não a doença -como violência ou acidentes.
Para a diretora do programa de Aids, Mariângela Simão, e para o secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Gerson Penna, os números no Norte e no Nordeste refletem o diagnóstico tardio e a pior qualidade do acesso a tratamento.
O boletim epidemiológico divulgado contém dados até junho de 2007, registrando 13.071 casos da doença.
Segundo Penna, isso pode indicar uma "tendência de estabilização" da epidemia no país, identificada desde 2002 -mantendo à exceção Norte, Nordeste e a faixa etária com mais de 50 anos.
De acordo com Mariângela, porém, os números de 2007 ainda podem estar subestimados devido à demora no envio das notificações.
Os números de 2006, porém, já confirmam tendência de mudanças no padrão da epidemia.
Desde 1996, a Aids cresceu entre mulheres e ficou estável entre homens. Em 1985, havia 15 casos em homens para um em mulher; em 2006, essa razão passou a 1,5 entre homens para um entre mulheres.
Entre as adolescentes de 13 a 19 anos, a comparação se inverteu desde 1998: há 1,6 caso entre as mulheres para cada um entre os homens. "As meninas usam menos e exigem menos de seu parceiro o uso de preservativo", explica a coordenadora do programa de Aids.
A transmissão homossexual foi superada pela heterossexual. Em 2006, 27,9% dos casos de Aids entre homens se deram por transmissão sexual homossexual, contra 42,6% de transmissão heterossexual.
Entre as mulheres, quase a totalidade dos casos de transmissão, ou 95,7%, ocorreram após relação heterossexual.
O coordenador do Unaids (braço da ONU para a Aids), Pedro Chequer, disse que a revisão do número de casos de Aids no mundo, anunciada anteontem, não afeta os dados brasileiros, já que o país tem seu próprio sistema de coleta de dados.


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