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Cinco anos após diagnóstico de Aids, 87% continuam vivos
Situação não é uniforme: cai para 78% no Norte, contra 90% no Sudeste
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Cinco anos após receberem o
diagnóstico de Aids, 87% dos
brasileiros continuaram vivos,
de acordo com dados divulgados ontem pelo Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde.
O número se refere aos
29.778 pacientes diagnosticados em 2000, quatro anos depois da lei que tornou obrigatória a distribuição pelo SUS do
coquetel anti-Aids.
A situação, porém, não é uniforme em todas as regiões do
país: cai para 78% no Norte,
contra 90% no Sudeste. Não há
dados disponíveis por Estado.
Segundo o ministério, o levantamento é o primeiro a trazer esse tipo de recorte.
A projeção mostra também
que 6,1% dos brasileiros com a
doença diagnosticada morreram um ano depois -o dado
novamente varia segundo a região do país: 13,9% no Norte e
12,1% no Nordeste, contra 3%
no Sudeste.
O levantamento não considerou mortes de portadores do
HIV por outras causas que não
a doença -como violência ou
acidentes.
Para a diretora do programa
de Aids, Mariângela Simão, e
para o secretário de Vigilância
em Saúde do ministério, Gerson Penna, os números no Norte e no Nordeste refletem o
diagnóstico tardio e a pior qualidade do acesso a tratamento.
O boletim epidemiológico divulgado contém dados até junho de 2007, registrando
13.071 casos da doença.
Segundo Penna, isso pode indicar uma "tendência de estabilização" da epidemia no país,
identificada desde 2002
-mantendo à exceção Norte,
Nordeste e a faixa etária com
mais de 50 anos.
De acordo com Mariângela,
porém, os números de 2007
ainda podem estar subestimados devido à demora no envio
das notificações.
Os números de 2006, porém,
já confirmam tendência de mudanças no padrão da epidemia.
Desde 1996, a Aids cresceu
entre mulheres e ficou estável
entre homens. Em 1985, havia
15 casos em homens para um
em mulher; em 2006, essa razão passou a 1,5 entre homens
para um entre mulheres.
Entre as adolescentes de 13 a
19 anos, a comparação se inverteu desde 1998: há 1,6 caso entre as mulheres para cada um
entre os homens. "As meninas
usam menos e exigem menos
de seu parceiro o uso de preservativo", explica a coordenadora
do programa de Aids.
A transmissão homossexual
foi superada pela heterossexual. Em 2006, 27,9% dos casos
de Aids entre homens se deram
por transmissão sexual homossexual, contra 42,6% de transmissão heterossexual.
Entre as mulheres, quase a
totalidade dos casos de transmissão, ou 95,7%, ocorreram
após relação heterossexual.
O coordenador do Unaids
(braço da ONU para a Aids), Pedro Chequer, disse que a revisão do número de casos de Aids
no mundo, anunciada anteontem, não afeta os dados brasileiros, já que o país tem seu próprio sistema de coleta de dados.
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