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Aeroporto da Usiminas afeta ambiente, dizem cientistas
Pesquisadores apontam riscos para biodiversidade em área de preservação em MG
Siderúrgica tem plano para construir aeroporto com pista de 2.600 m em
área próxima a maior floresta tropical do Estado
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O plano de construção de um
aeroporto pela Usiminas no limite da maior floresta tropical
de Minas Gerais vem opondo
cientistas do Estado, contrários
ao empreendimento, e a siderúrgica. O aeroporto está previsto para a região de Ipatinga
(231 km de BH), próxima ao
Parque Estadual do Rio Doce.
Órgãos ambientais do governo estadual analisam a viabilidade do empreendimento, que
deve se tornar o segundo maior
aeroporto em extensão de Minas, com 2.600 metros de pista.
O lugar faz limite com "um dos
poucos remanescentes de mata
atlântica no Brasil", conforme
definição do Instituto Estadual
de Florestas.
Documento elaborado por
pesquisadores de universidades contrários ao projeto aponta riscos para a biodiversidade
do local. A análise foi feita a
partir de estudos de impacto
ambiental apresentados pela
própria siderúrgica. Os cientistas desaprovam o local escolhido argumentando até com portaria e manuais da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
O relatório de 15 páginas foi
formulado por 14 cientistas das
universidades federais UFMG,
UFOP (Ouro Preto), UFV (Viçosa), UFG (Goiás) e ainda da
PUC-MG.
Manuais de aviação consultados pelos pesquisadores alertam sobre os riscos de acidentes que as aves representam para os aviões. As normas também falam sobre a necessidade
de eliminar focos de alimentação dessas espécies, como os lagos. Na região, são 104 lagos,
sendo 40 dentro do parque.
O aeroporto, dizem os pesquisadores, colocará em risco
os aviões e as muitas espécies
da flora e fauna do parque de 37
mil hectares, área equivalente a
233 parques Ibirapuera. As
aves são migratórias e circulam
entre as lagoas do local.
Até o termo de compromisso
proposto pelo Ministério Público e assinado pela Usiminas,
em 4 de novembro, diz que, na
operação do aeroporto, os
aviões devem evitar sobrevoar
o parque e as lagoas. Também
sugere que os horários dos vôos
sejam adaptados, "respeitando
períodos de migração e fluxos
de aves na região".
A Usiminas argumenta que
pesquisou muito e que, por ser
região com muitos relevos, a
faixa foi a "única área plana"
encontrada. Embora administrado pela Usiminas, o novo
terminal aéreo servirá toda a
comunidade, com vôos comerciais regulares.
A empresa contesta todas as
dúvidas sobre a operação e diz
que está se cercando de cuidados. Também afirma que o empreendimento não causará danos à fauna e flora anunciados
pelos pesquisadores.
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