São Paulo, sábado, 22 de novembro de 2008

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Aeroporto da Usiminas afeta ambiente, dizem cientistas

Pesquisadores apontam riscos para biodiversidade em área de preservação em MG

Siderúrgica tem plano para construir aeroporto com pista de 2.600 m em área próxima a maior floresta tropical do Estado


PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O plano de construção de um aeroporto pela Usiminas no limite da maior floresta tropical de Minas Gerais vem opondo cientistas do Estado, contrários ao empreendimento, e a siderúrgica. O aeroporto está previsto para a região de Ipatinga (231 km de BH), próxima ao Parque Estadual do Rio Doce.
Órgãos ambientais do governo estadual analisam a viabilidade do empreendimento, que deve se tornar o segundo maior aeroporto em extensão de Minas, com 2.600 metros de pista. O lugar faz limite com "um dos poucos remanescentes de mata atlântica no Brasil", conforme definição do Instituto Estadual de Florestas.
Documento elaborado por pesquisadores de universidades contrários ao projeto aponta riscos para a biodiversidade do local. A análise foi feita a partir de estudos de impacto ambiental apresentados pela própria siderúrgica. Os cientistas desaprovam o local escolhido argumentando até com portaria e manuais da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
O relatório de 15 páginas foi formulado por 14 cientistas das universidades federais UFMG, UFOP (Ouro Preto), UFV (Viçosa), UFG (Goiás) e ainda da PUC-MG.
Manuais de aviação consultados pelos pesquisadores alertam sobre os riscos de acidentes que as aves representam para os aviões. As normas também falam sobre a necessidade de eliminar focos de alimentação dessas espécies, como os lagos. Na região, são 104 lagos, sendo 40 dentro do parque.
O aeroporto, dizem os pesquisadores, colocará em risco os aviões e as muitas espécies da flora e fauna do parque de 37 mil hectares, área equivalente a 233 parques Ibirapuera. As aves são migratórias e circulam entre as lagoas do local.
Até o termo de compromisso proposto pelo Ministério Público e assinado pela Usiminas, em 4 de novembro, diz que, na operação do aeroporto, os aviões devem evitar sobrevoar o parque e as lagoas. Também sugere que os horários dos vôos sejam adaptados, "respeitando períodos de migração e fluxos de aves na região".
A Usiminas argumenta que pesquisou muito e que, por ser região com muitos relevos, a faixa foi a "única área plana" encontrada. Embora administrado pela Usiminas, o novo terminal aéreo servirá toda a comunidade, com vôos comerciais regulares.
A empresa contesta todas as dúvidas sobre a operação e diz que está se cercando de cuidados. Também afirma que o empreendimento não causará danos à fauna e flora anunciados pelos pesquisadores.


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