São Paulo, segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

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Aprovação aos corredores de ônibus cai 11 pontos em SP

Pesquisa de associação de transportes públicos aponta queda de 64% para 53%

Congelamento da tarifa pela gestão Kassab não foi suficiente para barrar a desaprovação recorde pelos usuários aos coletivos

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

O congelamento da tarifa exaltado pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM) não foi suficiente para melhorar a satisfação dos passageiros com os ônibus.
A aprovação dos usuários aos coletivos que rodam nos corredores exclusivos da Prefeitura de São Paulo diminuiu de 64%, em 2007, para 53%, em 2008.
E a satisfação com os ônibus que circulam nas demais vias da cidade oscilou de 42% para 40% -dentro da margem de erro, mas mantendo sua mais baixa popularidade desta década.
Ao lado dos microônibus municipais e intermunicipais, os ônibus são a maneira de transporte coletivo da região metropolitana mais desaprovada pelos passageiros -apesar de a tarifa, de R$ 2,30, não sofrer reajuste desde novembro de 2006.
Os resultados integram pesquisa anual da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), com patrocínio das principais empresas públicas e privadas do setor e cujos dados completos serão revelados hoje.
A piora na avaliação dos corredores, usados por 2 milhões de passageiros a cada dia, ocorre num ano marcado por pacotes de obras divulgados pela gestão Kassab com a justificativa de melhorar as pistas exclusivas -parte das quais não começou nem a sair do papel.
Entre as críticas de usuários e técnicos estão os buracos, a baixa velocidade e as excessivas interferências (como cruzamentos e semáforos) que agravam a lentidão nos corredores.
A própria prefeitura revelou que, no ano passado, até 40% do tráfego em algumas vias exclusivas era de outros veículos -infratores ou que estão entre as exceções, como táxis.
No primeiro semestre a Folha divulgou que a velocidade média dos ônibus havia caído em sete dos nove corredores -variando de 12 km/h a 18 km/ h, sempre abaixo do mínimo necessário de 20 km/h, apontado por especialistas.
O corredor com mais baixa avaliação dos passageiros, diz a pesquisa, é a da av. Rebouças (com só 42% de excelente ou bom), onde há um gargalo no cruzamento com a av. Brigadeiro Faria Lima que deixa os coletivos enfileirados no ponto.
O Expresso Tiradentes (ex-Fura-Fila) tem a maior aprovação da rede sobre pneus paulistana -com 76% de usuários satisfeitos. Hoje ele tem só um trecho de 8,5 km inaugurado, do Pq. D. Pedro 2º ao Sacomã.
A continuação dele até Cidade Tiradentes, com 32 km, prometida para este ano, sofreu atrasos e deve ser entregue somente daqui a quatro anos.
A queda na aprovação dos corredores não indica uma reprovação ao transporte em vias exclusivas, mas à condição atual deles. Tanto que a satisfação com os coletivos do corredor intermunicipal São Mateus-Jabaquara, da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), subiu de 66% para 79%, nível semelhante ao do metrô.
A pesquisa da ANTP foi realizada entre agosto e outubro, com 2.300 entrevistas e margem de erro de três pontos para os principais dados gerais.
A baixa aprovação dos ônibus ocorre apesar do congelamento da tarifa -cuja alta agrava a impopularidade. Para especialistas, os usuários também consideram muito itens como a disponibilidade e a regularidade.
Para não subir a tarifa, os subsídios da prefeitura dispararam, atingindo R$ 600 milhões em 2008, recorde da década. Kassab prometeu nas eleições que também não vai reajustar a passagem em 2009.
Com isso, está prestes a entrar para a história como quem manteve a tarifa congelada por mais tempo nas últimas três décadas. O recorde anterior, de dois anos e quatro meses (entre as gestões Pitta e Marta), deverá ser batido em abril de 2009.
O secretário dos Transportes, Alexandre de Moraes, não quis se manifestar antes da divulgação oficial da pesquisa.


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