|
Próximo Texto | Índice
Aprovação aos corredores de ônibus cai 11 pontos em SP
Pesquisa de associação de transportes públicos aponta queda de 64% para 53%
Congelamento da tarifa pela gestão Kassab não foi suficiente para barrar a desaprovação recorde pelos usuários aos coletivos
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
O congelamento da tarifa
exaltado pelo prefeito Gilberto
Kassab (DEM) não foi suficiente para melhorar a satisfação
dos passageiros com os ônibus.
A aprovação dos usuários aos
coletivos que rodam nos corredores exclusivos da Prefeitura
de São Paulo diminuiu de 64%,
em 2007, para 53%, em 2008.
E a satisfação com os ônibus
que circulam nas demais vias
da cidade oscilou de 42% para
40% -dentro da margem de erro, mas mantendo sua mais baixa popularidade desta década.
Ao lado dos microônibus municipais e intermunicipais, os
ônibus são a maneira de transporte coletivo da região metropolitana mais desaprovada pelos passageiros -apesar de a tarifa, de R$ 2,30, não sofrer reajuste desde novembro de 2006.
Os resultados integram pesquisa anual da ANTP (Associação Nacional de Transportes
Públicos), com patrocínio das
principais empresas públicas e
privadas do setor e cujos dados
completos serão revelados hoje.
A piora na avaliação dos corredores, usados por 2 milhões
de passageiros a cada dia, ocorre num ano marcado por pacotes de obras divulgados pela
gestão Kassab com a justificativa de melhorar as pistas exclusivas -parte das quais não começou nem a sair do papel.
Entre as críticas de usuários e
técnicos estão os buracos, a baixa velocidade e as excessivas interferências (como cruzamentos e semáforos) que agravam a
lentidão nos corredores.
A própria prefeitura revelou
que, no ano passado, até 40% do
tráfego em algumas vias exclusivas era de outros veículos
-infratores ou que estão entre
as exceções, como táxis.
No primeiro semestre a Folha divulgou que a velocidade
média dos ônibus havia caído
em sete dos nove corredores
-variando de 12 km/h a 18 km/
h, sempre abaixo do mínimo
necessário de 20 km/h, apontado por especialistas.
O corredor com mais baixa
avaliação dos passageiros, diz a
pesquisa, é a da av. Rebouças
(com só 42% de excelente ou
bom), onde há um gargalo no
cruzamento com a av. Brigadeiro Faria Lima que deixa os coletivos enfileirados no ponto.
O Expresso Tiradentes (ex-Fura-Fila) tem a maior aprovação da rede sobre pneus paulistana -com 76% de usuários satisfeitos. Hoje ele tem só um
trecho de 8,5 km inaugurado,
do Pq. D. Pedro 2º ao Sacomã.
A continuação dele até Cidade Tiradentes, com 32 km, prometida para este ano, sofreu
atrasos e deve ser entregue somente daqui a quatro anos.
A queda na aprovação dos
corredores não indica uma reprovação ao transporte em vias
exclusivas, mas à condição atual
deles. Tanto que a satisfação
com os coletivos do corredor intermunicipal São Mateus-Jabaquara, da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), subiu de 66% para 79%,
nível semelhante ao do metrô.
A pesquisa da ANTP foi realizada entre agosto e outubro,
com 2.300 entrevistas e margem de erro de três pontos para
os principais dados gerais.
A baixa aprovação dos ônibus
ocorre apesar do congelamento
da tarifa -cuja alta agrava a impopularidade. Para especialistas, os usuários também consideram muito itens como a disponibilidade e a regularidade.
Para não subir a tarifa, os subsídios da prefeitura dispararam,
atingindo R$ 600 milhões em
2008, recorde da década. Kassab prometeu nas eleições que
também não vai reajustar a passagem em 2009.
Com isso, está prestes a entrar para a história como quem
manteve a tarifa congelada por
mais tempo nas últimas três décadas. O recorde anterior, de
dois anos e quatro meses (entre
as gestões Pitta e Marta), deverá ser batido em abril de 2009.
O secretário dos Transportes,
Alexandre de Moraes, não quis
se manifestar antes da divulgação oficial da pesquisa.
Próximo Texto: Trânsito: Lentidão piora avaliação, dizem técnicos ligados à pesquisa Índice
|