|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Pressão do dia-a-dia pode se transformar em tensão positiva,
que desafia e permite realizar melhor as tarefas obrigatórias
Estresse ajuda paulistano a sobreviver
GABRIELA SCHEINBERG
da Reportagem Local
Para um turista, São Paulo pode
parecer caótica. Mas os paulistanos já estão acostumados com
trânsito, enchentes e filas no banco, no cinema e nos restaurantes.
Pode ser difícil de acreditar, mas
há um lado positivo nesse cotidiano estressante.
A pressão imposta ao paulistano, que causa o estresse do dia-a-dia, o obriga a completar um número maior de tarefas e a superar
desafios. "A pressão é necessária.
Ela é a mola que propicia a pessoa
a fazer o que precisa ser feito", diz
Alexandrina Meleiro, psiquiatra
do Instituto de Psiquiatria (IPq)
do Hospital das Clínicas, em São
Paulo.
No entanto, como tudo na vida,
o estresse precisa ser moderado.
Ela cita o exemplo de um atleta
que precisa treinar para uma
competição. Todo dia, o esportista acorda e treina. Ele sente uma
pressão para fazer isso, o que pode ser considerado um estresse
positivo.
A palavra estresse está popularmente associada a um contexto
negativo. Na realidade, existem
dois tipos de estresse: o negativo,
chamado distresse, e o positivo,
conhecido como eustresse.
"Virou moda uma pessoa dizer
que está estressada", diz. "Mas, na
verdade, nem sempre a pessoa está." Ela explica que cada indivíduo responde de forma diferente
ao estresse. A intensidade da pressão pode ser interpretada de forma diferente por cada pessoa.
Enquanto algumas superam os
desafios, outras podem se sentir
cobradas e perdem a motivação.
Se isso vira crônico, a pessoa está
estressada.
Em São Paulo, a maioria dos
moradores se acostumam a lidar
com as situações estressantes. "A
rotina oferece o conhecimento
para a pessoa criar mecanismos
de adaptação", explica Ricardo
Alberto Moreno, do IPq. "Esses
recursos são adquiridos com a experiência."
Uma pessoa que vem da zona
rural, explica Moreno, tem dificuldade de atravessar a rua ou pegar um ônibus na capital paulista.
Para ele, essas situações são consideradas estressantes.
Pessoas que moram em metrópoles, como São Paulo, acabam
superando os pequenos desafios
com uma certa rotina. Isso as torna mais dinâmicas. "Há um nível
maior de exigência, o que leva a
um crescimento individual
maior", afirma Alexandrina.
Ela explica que a cidade providencia as situações estressantes e
o paulistano aprende a lidar cada
vez melhor com esses desafios.
Às vezes, os desafios são maiores, como o desemprego. Embora
essa questão não seja exclusiva da
Grande São Paulo, o índice alto de
desemprego (17,5% da população
economicamente ativa, segundo a
Fundação Sistema Estadual de
Análise de Dados) é um fator de
muita pressão.
Segundo Alexandrina, durante
uma entrevista de emprego, é natural estar estressado. "Isso mostra preocupação, o que pode ser
interpretado como um sinônimo
de dedicação", diz.
A expectativa e a ansiedade, que
fazem parte do estresse de uma
entrevista, podem garantir melhor desempenho, avalia Moreno.
Em outras palavras, é natural
um paulistano estar estressado. O
importante é aprender a viver
com o estresse.
Como lucrar
Muitos empreendedores aproveitam o fato de São Paulo ser estressante para ganhar alguns trocados. Uma das opções é fazer
uma terapia oriental. Segundo Silvia Ferreira, terapeuta do Grupo
de Terapias Orientais, o estresse
promove alterações fisiológicas,
como dor muscular, que são tratadas com técnicas orientais.
Ela explica que cada pessoa é
entrevistada para então se decidir
qual massagem é a mais indicada.
"Nem sempre uma pessoa precisa
da mesma terapia", afirma.
A psicóloga Isaura Maria Henrique Kutait, do Centro Médico
Brooklin, oferece um tratamento
com florais de Bach para aliviar o
estresse.
Os florais seriam tranquilizantes. "No entanto, é recomendado
o uso dos florais sob supervisão
de psicólogos especializados."
Texto Anterior: Há mais filho de baiano que de paulistano Próximo Texto: Aparelho mede pico de tensão no trânsito e em jogo do Brasil Índice
|