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Medida pode gerar preconceito
DA REPORTAGEM LOCAL
Psiquiatras apóiam o uso de
testes toxicológicos em casos de
emergência médica, mas temem
que a medida gere situações de
preconceito nos hospitais.
Crítico do teste nas empresas, o
médico Dartil Xavier da Silveira,
professor de psiquiatria da Unifesp (Universidade Federal de São
Paulo) e consultor do Ministério
da Saúde, é favorável à medida
nas emergências cardiológicas.
"Há situações de exceção. Essa é
uma delas", afirma.
Silveira diz que muitos usuários
de droga não informam a condição aos médicos, porque temem
serem denunciados à polícia, à família ou aos planos de saúde. "Há
preconceito na classe médica.
Muitos tratam com descaso os
usuários de droga. Acham que é
sem-vergonhice, e não doença."
Para o médico Marcelo Niel,
psiquiatra do Proad (Programa
de Orientação e Atendimento a
Dependentes), falta preparo das
equipes clínicas para lidar com
usuários de drogas de forma menos preconceituosa.
André Malbergier, professor do
departamento de psiquiatria da
Faculdade de Medicina de São
Paulo, diz que nenhum exame toxicológico deve preceder a abordagem clínica. Diante da negativa
do paciente, ele acredita que o
cardiologista deva explicar a importância do teste e pedir autorização para a realização do exame.
"Precisamos trabalhar primeiro
o vínculo. O paciente precisa se
sentir à vontade para revelar sua
condição. Mas, o mais comum, é
haver hostilidade", relata.
Na opinião do psiquiatra Sergio
Seibel, da Associação Paulista de
Medicina, não há necessidade de
autorização do paciente porque,
em grande parte dos casos, ele
não se encontra em condições de
informar nem decidir nada.
Artur Guerra, diretor do grupo
de álcool e drogas da Faculdade
de Medicina da USP-SP, lembra
que o fato de o teste dar positivo
não significa que o infarto ocorreu em razão do uso droga. "Não
funciona o quadro alarmista.
Mesmo que haja a associação, o
dependente crônico acha que deu
azar", afirma.
(CC)
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