São Paulo, terça-feira, 23 de janeiro de 2007

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Ladrões se disfarçam de policiais em roubo no Rio

Grupo usou roupas e até veículos com logotipos falsos da PF para assaltar pedágio

Assaltantes levaram R$ 75 mil; houve perseguição, colisões e troca de tiros na rodovia Washington Luiz , mas ninguém foi preso

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Disfarçados de agentes da Polícia Federal e até usando dois carros com logotipos falsos da PF, um grupo de 12 homens com fuzis e pistolas assaltou na noite de anteontem o posto de pedágio no km 104 da rodovia Washington Luís (Rio-Juiz de Fora), em Xerém, distrito de Duque de Caxias (Baixada Fluminense).
Eles vestiam roupas de policiais federais e abordaram os funcionários dizendo que tinham que cumprir mandados de busca e apreensão. O grupo chegou perguntando pelo tesoureiro, que não estava no local, o que leva a polícia a investigar a participação de funcionários da Concer, concessionária que administra a rodovia.
Alegaram que a empresa era investigada por lavagem de dinheiro. Antes de deixar o local, ainda obrigaram dois funcionários a entrarem nos carros falsos (uma Blazer e uma picape), alegando que tinham que prestar depoimento na delegacia.
O grupo recolheu cerca de R$ 75 mil dos caixas e de um dos cofres. Segundo a Polícia Civil, eles seriam do complexo de favelas do Alemão (zona norte). Nenhum suspeito foi preso.
Os dois reféns foram identificados como Carlos Eduardo Saar (assistente de supervisão) e Edmilson Soares (chefe de segurança), que teve o revólver roubado. Ambos não falaram. A Concer não se pronunciou.
A Concer acionou a Polícia Militar e a Polícia Rodoviária Federal, que passaram a perseguir os dois carros falsos, além de um outro, um Pólo, pela pista sentido Rio da rodovia. Houve troca de tiros.
Na altura do km 124, a Blazer bateu na traseira de um Monza ocupado por um casal e uma criança de 8 anos, que capotou.
Com a colisão, os ladrões pularam para a caçamba da picape e largaram os reféns. A perseguição e o tiroteio continuaram. Os criminosos acabaram batendo a picape em uma passarela da Washington Luís. Eles então desceram e fugiram em direção à favela Beira-Mar.
A comunidade foi cercada pelos PMs e patrulheiros rodoviários. Houve confrontos durante a madrugada e um suposto traficante acabou morto. A polícia não sabe se ele tem ligação com o caso.

Clone
Os carros tinham emblemas da PF na frente, nas laterais e na traseira. Foram pintados de preto para ficarem parecidos com os da corporação. Um deles tinha uma placa clonada da própria instituição. A PF também participa da investigação.
Segundo o delegado Luiz Sérgio Góis, haveria no Rio uma quadrilha especializada em clonagem de carros policiais para crimes. Em agosto, um grupo assaltou o bingo Botafogo (zona sul) e utilizou dois veículos parecidos com os da PF.
Em dois dias, foi a segunda ação criminosa na rodovia. No sábado, em Petrópolis (região serrana), um grupo assaltou um ônibus que seguia para Manhomirim (MG). A rodovia está sendo ocupada pela Força Nacional de Segurança na altura da divisa do Estado com Minas.


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