São Paulo, quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

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Mortalidade de crianças no Brasil caiu 65% desde 1990

Segundo dados da Unicef, país melhorou 27 posições em ranking desse indicador

O Brasil passou da 86ª posição em 1990 para a 113ª em 2006; o primeiro lugar, com o maior índice de mortalidade, é Serra Leoa

ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A mortalidade de crianças com menos de cinco anos caiu 65% entre 1990 e 2006. A queda, acentuada a partir de 2004, fez o país melhorar 27 posições no ranking desse indicador, que foi divulgado ontem no relatório "Situação Mundial da Infância 2008", do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).
Em 2006, o Brasil aparece na 113ª posição entre 196 países -o primeiro colocado, Serra Leoa, é o que apresenta pior índice. Em 2004, estava em 88º e, em 1990, em 86º.
Os países com os melhores índices são, empatados, Suécia, Cingapura, San Marino, Liechtenstein, Islândia e Andorra.
Entre 2004 e 2006, o declínio no Brasil foi de 41% -morriam 34 crianças a cada mil nascidos vivos, contra 20 em 2006, os últimos dados disponíveis. O índice é superior aos 40% de queda registrados de 1990, quando morriam 57 a cada mil nascidos vivos, para 2004.
A taxa de mortalidade nessa idade também caiu no mundo todo, mas em um ritmo menor -25% de 90 a 2006. Isso ajuda a explicar o salto brasileiro de 27 posições no ranking.
Para Marie-Pierre Poirier, representante do Unicef no Brasil, um dos principais fatores foi a redução das mortes por sarampo, com aumento da cobertura da vacina e suplementação de vitamina A.
A redução é, em regra, maior entre os países em desenvolvimento -nas ilhas Maldivas, por exemplo, foi de 73% entre 1990 e 2006.
Não por acaso, uma das explicações para a queda mais acentuada no Brasil é o fato de o país partir de um patamar mais alto de mortalidade do que os países desenvolvidos. "[A redução] Tem que ser para todos; não podemos celebrar só os 80% mais fáceis", diz Poirier.
A explicação da ampliação da cobertura do sarampo não se aplica para explicar o caso brasileiro, na opinião de Paulo Nader, presidente do departamento de neonatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, já que o país já controlou a doença há anos.
Para ele, o avanço da queda da mortalidade na infância concentrado entre 2004 e 2006 reflete mudanças ocorridas nos anos anteriores, desde o maior acesso a saneamento básico até os indicadores de educação.
O mais preocupante, na sua avaliação, é a mortalidade de recém-nascidos. Segundo o Unicef, caiu pela metade o número de crianças mortas no primeiro ano de vida a cada mil nascidas vivas. Dessas, porém, 56% morreram na primeira semana e 66%, no primeiro mês.
Nesse sentido, o relatório específico sobre o Brasil divulgado ontem traz uma má notícia: o percentual de mulheres que fazem o mínimo ideal de consultas pré-natais (seis) diminuiu seis pontos percentuais no Norte brasileiro entre 1998 e 2005, contrariando o aumento no país todo, de 9 pontos.

IDH infantil
O relatório do Unicef mostra que, se o país comemorou em 2007 a entrada no grupo de países de alto desenvolvimento humano, no "IDH da criança" -o índice de desenvolvimento infantil- ainda está no grupo de médio desenvolvimento.
O IDI leva em conta a quantidade de crianças menores de 6 anos morando com pais com escolaridade precária; cobertura vacinal em menores de 1 ano; cobertura pré-natal de gestantes e quantidade de crianças matriculadas na pré-escola.
Como não há esses indicadores para todos os países, não é possível fazer uma comparação internacional, mas apenas entre os Estados brasileiros.
O país melhorou o seu IDI, que era de 0,609 em 1999 e passou para 0,733 em 2006 (dado mais recente disponível). Para entrar na categoria de alto índice de desenvolvimento infantil, porém, precisaria alcançar 0,800. Semelhante ao IDH, o índice tem uma escala de 0 a 1.
De acordo com a lista divulgada pelo "caderno Brasil" do relatório do Unicef, o melhor Estado para a criança é São Paulo, seguido por Santa Catarina e Rio de Janeiro. Nas últimas colocações vêm Piauí, Alagoas e, por fim, o Acre.


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