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Mortalidade de crianças no Brasil caiu 65% desde 1990
Segundo dados da Unicef, país melhorou 27 posições em ranking desse indicador
O Brasil passou da 86ª posição em 1990 para a 113ª em 2006; o primeiro lugar, com o maior índice de mortalidade, é Serra Leoa
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A mortalidade de crianças
com menos de cinco anos caiu
65% entre 1990 e 2006. A queda, acentuada a partir de 2004,
fez o país melhorar 27 posições
no ranking desse indicador,
que foi divulgado ontem no relatório "Situação Mundial da
Infância 2008", do Unicef
(Fundo das Nações Unidas para a Infância).
Em 2006, o Brasil aparece na
113ª posição entre 196 países
-o primeiro colocado, Serra
Leoa, é o que apresenta pior índice. Em 2004, estava em 88º e,
em 1990, em 86º.
Os países com os melhores
índices são, empatados, Suécia,
Cingapura, San Marino, Liechtenstein, Islândia e Andorra.
Entre 2004 e 2006, o declínio no Brasil foi de 41% -morriam 34 crianças a cada mil nascidos vivos, contra 20 em 2006,
os últimos dados disponíveis. O
índice é superior aos 40% de
queda registrados de 1990,
quando morriam 57 a cada mil
nascidos vivos, para 2004.
A taxa de mortalidade nessa
idade também caiu no mundo
todo, mas em um ritmo menor
-25% de 90 a 2006. Isso ajuda
a explicar o salto brasileiro de
27 posições no ranking.
Para Marie-Pierre Poirier,
representante do Unicef no
Brasil, um dos principais fatores foi a redução das mortes por
sarampo, com aumento da cobertura da vacina e suplementação de vitamina A.
A redução é, em regra, maior
entre os países em desenvolvimento -nas ilhas Maldivas,
por exemplo, foi de 73% entre
1990 e 2006.
Não por acaso, uma das explicações para a queda mais acentuada no Brasil é o fato de o país
partir de um patamar mais alto
de mortalidade do que os países
desenvolvidos. "[A redução]
Tem que ser para todos; não
podemos celebrar só os 80%
mais fáceis", diz Poirier.
A explicação da ampliação da
cobertura do sarampo não se
aplica para explicar o caso brasileiro, na opinião de Paulo Nader, presidente do departamento de neonatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria,
já que o país já controlou a
doença há anos.
Para ele, o avanço da queda
da mortalidade na infância
concentrado entre 2004 e 2006
reflete mudanças ocorridas nos
anos anteriores, desde o maior
acesso a saneamento básico até
os indicadores de educação.
O mais preocupante, na sua
avaliação, é a mortalidade de
recém-nascidos. Segundo o
Unicef, caiu pela metade o número de crianças mortas no
primeiro ano de vida a cada mil
nascidas vivas. Dessas, porém,
56% morreram na primeira semana e 66%, no primeiro mês.
Nesse sentido, o relatório específico sobre o Brasil divulgado ontem traz uma má notícia:
o percentual de mulheres que
fazem o mínimo ideal de consultas pré-natais (seis) diminuiu seis pontos percentuais
no Norte brasileiro entre 1998 e
2005, contrariando o aumento
no país todo, de 9 pontos.
IDH infantil
O relatório do Unicef mostra
que, se o país comemorou em
2007 a entrada no grupo de países de alto desenvolvimento
humano, no "IDH da criança"
-o índice de desenvolvimento
infantil- ainda está no grupo
de médio desenvolvimento.
O IDI leva em conta a quantidade de crianças menores de 6
anos morando com pais com
escolaridade precária; cobertura vacinal em menores de 1 ano;
cobertura pré-natal de gestantes e quantidade de crianças
matriculadas na pré-escola.
Como não há esses indicadores para todos os países, não é
possível fazer uma comparação
internacional, mas apenas entre os Estados brasileiros.
O país melhorou o seu IDI,
que era de 0,609 em 1999 e passou para 0,733 em 2006 (dado
mais recente disponível). Para
entrar na categoria de alto índice de desenvolvimento infantil,
porém, precisaria alcançar
0,800. Semelhante ao IDH, o
índice tem uma escala de 0 a 1.
De acordo com a lista divulgada pelo "caderno Brasil" do
relatório do Unicef, o melhor
Estado para a criança é São
Paulo, seguido por Santa Catarina e Rio de Janeiro. Nas últimas colocações vêm Piauí, Alagoas e, por fim, o Acre.
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