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Repasses federais para municípios criam polêmica entre especialistas
DA SUCURSAL DO RIO
O crescente aumento de recursos federais para programas
municipais de segurança pública é objeto de controvérsia entre especialistas da área. O
FNSP (Fundo Nacional de Segurança Pública), do Ministério da Justiça, destinou, em
2007, R$ 41,5 milhões para 99
convênios com municípios, um
crescimento de 210%.
Para o ex-secretário do Senasp José Vicente da Silva Filho "é dinheiro jogado fora". Na
sua opinião, o foco deveria ser
reforçar as polícias estaduais,
responsáveis diretas pelo combate à criminalidade. Cristina
Gross Villanova, coordenadora
da Senasp, defende os investimentos com três argumentos: o
aumento da criminalidade nas
cidades do interior, a adoção de
políticas preventivas e a necessidade de integrar os municípios às ações estaduais.
O governo federal fez em
2007 o maior repasse para programas municipais de segurança desde a criação do FNSP, em
2001 (leia quadro). Ao longo
dos sete anos foram assinados
252 convênios no valor de R$
139,4 milhões. Os repasses de
2007 representam, portanto,
30% de todo o investimento
municipal feito pela Senasp.
Prioridades
Coordenador do recém formado Instituto Pró-Polícia, José Vicente, ex-secretário Nacional de Segurança no governo
FHC, argumenta que, como os
recursos estão abaixo das necessidades, é preciso definir
prioridades. Na sua opinião, os
recursos para os municípios
não podem ser retirados dos
orçamentos das polícias.
Cristina Villanova admite
que nos primeiros anos do
FNSP os recursos foram destinados basicamente para a aquisição de equipamentos para as
guardas municipais. Já os projetos aprovados em 2007 tinham 30% dos recursos destinados à formação e especialização de mão-de-obra, 30% para
ações de prevenção e 40% para
equipamentos.
O sociólogo Arthur Trindade,
coordenador do Núcleo de Estudos sobre Violência e Segurança da Universidade de Brasília, acha que os municípios
têm um papel importante no
sistema de segurança pública e
não censura o governo federal
por aumentar os gastos com
eles. O problema, na sua opinião, é como os municípios vêm
gastando esse dinheiro.
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