São Paulo, quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

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Paulo Moreno, e o múltiplo interesse

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Paulo Moreno de Almeida viveu em cima do muro. Não decidia entre ser branco ou índio; jornalista ou economista; de esquerda ou situação. Fato é que fez de tudo, em 79 anos de vida.
Em Aguaí (SP), nasceu e passou a infância, trabalhando na pequena fazenda da família. Aos 18, foi trabalhar nos Correios e estudar na USP, filosofia e economia. Da avó índia herdou o interesse pelas etnias -gostava de rastrear os verbetes das tribos no dicionário.
Foi jornalista de pequenos jornais e redator da Folha da Manhã e Gazeta Mercantil. Até ir para o Rio ser fiscal da Receita Federal, no começo dos anos 1960.
Contava sempre aos três filhos aquela insólita cena, quando voltava de carro para casa no dia 31 de março de 1964, ao se deparar com tanques de guerra na sua direção. Era o início do golpe de 1964. "Não era comunista", mas tinha Lênin e Stalin na biblioteca. Encaixotou tudo e deu para os parentes.
Foi fiscal, delegado e superintendente da Receita em São Paulo, até aposentar-se como conselheiro de comércio exterior. Especialista em aduanas, foi ainda da comissão que redigiu o documento norteador de Mercosul.
Os últimos cinco anos passou na fazenda, cuidando da terra, e lutando contra um câncer de próstata. Morreu no dia 14, em São Paulo.


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