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Secretário ligado a setor imobiliário fiscalizará imóveis
Conselheiro licenciado do Secovi, sindicato do setor imobiliário, Orlando de Almeida Filho vai chefiar o Controle Urbano
A pasta que terá como função principal verificar a regularidade de obras e de construções começa a operar com só 6 integrantes
DA REPORTAGEM LOCAL
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), nomeou
ontem um conselheiro licenciado do Secovi-SP (sindicato
do setor imobiliário), Orlando
de Almeida Filho, para dirigir a
secretaria que terá como função licenciar e fiscalizar a regularidade de obras, estabelecimentos comerciais e industriais e shoppings.
Ex-secretário da Habitação e
um dos assessores mais próximos de Kassab, Almeida Filho
chefiará um tipo de "secretaria
da blitz", que poderá escolher o
local fiscalizado. A novidade foi
batizada de Controle Urbano.
O Secovi se apresenta como o
maior sindicato do setor imobiliário da América Latina, representando 40 mil empresas e
condomínios do Estado, além
dos interesses, ainda segundo o
sindicato, de 11,2 mil empresas
que administram, vendem e incorporam condomínios, loteamentos, shoppings e flats.
Almeida Filho, segundo a assessoria do prefeito, está afastado do sindicato. Ele aparece,
no entanto, no site da entidade
como membro do conselho
consultivo, eleito em 2007 e
com mandato até este ano, ao
lado de donos de grandes shoppings e de construtoras de SP.
A Secretaria de Controle Urbano terá, a princípio, seis integrantes. Mas poderá requisitar
funcionários de outros órgãos
da prefeitura para as blitze.
A fiscalização da maioria do 1
milhão de estabelecimentos
comerciais, industriais ou de
serviços continua com as subprefeituras, responsáveis por
vistoriar locais com capacidade
para até 500 pessoas. O Contru
(Departamento de Controle do
Uso de Imóveis), subordinado à
Secretaria da Habitação, portanto já sob responsabilidade
de Almeida Filho, fiscaliza os
de capacidade superior a 500.
A criação da secretaria já vinha sendo anunciada há meses,
mas sua efetivação foi antecipada após a tragédia que, no domingo, deixou nove mortos na
Igreja Renascer no Cambuci.
Kassab deve enviar um projeto de lei para a Câmara Municipal em fevereiro para ampliar
as atribuições da pasta, colocando sob comando o Contru.
Opositores criticaram a nomeação. "Alguém ligado ao setor imobiliário não é a melhor
pessoa para fiscalizar as edificações. Criaram uma secretaria
para fazer marketing da administração, quando deveriam investir na contratação de mais
engenheiros e mais fiscais para
as subprefeituras", disse o vereador Antonio Donato (PT).
O petista presidiu a CPI do
Licenciamento, cujo relatório
final, de 2006, concluiu que "a
grande maioria" dos estabelecimentos comerciais de São Paulo funcionava "em situação irregular, sem licenciamento, em
parte pela morosidade e burocracia do poder público".
À época, a comissão recomendou a contratação de 20
engenheiros para o Contru e
300 para as subprefeituras,
além de mais 500 fiscais.
Conforme a Folha revelou
na terça, os templos religiosos
ficaram de fora da investigação
por força do lobby da bancada
evangélica da Câmara. À época,
o grupo era formado por 15%
de um total de 55 vereadores.
(JOSÉ ERNESTO CREDENDIO, CONRADO CORSALETTE E EVANDRO SPINELLI)
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