São Paulo, sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Macaé, no Rio, fica sitiada após ataques

Capital do petróleo intensificou policiamento nas ruas e manteve favela cercada durante todo o dia

ITALO NOGUEIRA
ENVIADO ESPECIAL A MACAÉ

Conhecida como a "capital do petróleo", a cidade de Macaé (188km do Rio) acordou ontem "sitiada". Policiais militares andavam apenas em comboio à noite, ônibus alteraram suas rotas ao final da tarde e empresas liberaram seus funcionários mais cedo, temendo mais uma ação de criminosos.
A transferência de traficantes e armamentos da capital para favelas da região resultou esta semana em uma forte reação a operação da polícia na comunidade Nova Holanda, próximo à praia da cidade.
Cinco ônibus foram queimados e, segundo comerciantes, homens armados circularam no centro da cidade determinando o fechamento das lojas. O clima de terror na cidade começou no sábado. O policiamento nas ruas foi reforçado e a favela é mantida cercada. Não houve registro de troca de tiros.
A polícia atribui o pânico espalhado em parte da cidade a "boatos" e "terror psicológico" imposto por traficantes.
Não é o que conta a vendedora Dilséia Silva, 37. "Um homem passou armado em frente à loja. Meu marido me trouxe hoje [ontem] ao trabalho e vem me buscar mais cedo", disse.
O Bope (Batalhão de Operações Especiais) enviou 25 homens do Rio para a cidade, no norte fluminense, para a operação na favela, à procura do traficante Rogério Rios Mosqueira. Conhecido como "Roupinol", ele é chefe do tráfico dos morros da Mineira e São Carlos, no centro do Rio, e tem família em Macaé, para onde voltou, segundo moradores, há cerca de um ano.
Macaé tem sido vítima de um aumento vertiginoso da violência. Em trabalho elaborado pela Organização dos Estados Ibero-Americanos para Educação, Ciência e Cultura) a cidade foi a nona em taxa de mortalidade por homicídios no país.
Para o coordenador do Gabinete de Gestão Integrada de Macaé, o coronel Edmilson Jório, o aumento no número de estrangeiros que frequentam a cidade em função das plataformas de petróleo que estão na região pode ter intensificado o mercado da droga em Macaé.
Ele afirmou que a presença de Roupinol na região dificulta o trabalho da polícia. "Ele é uma pessoa que vem de áreas de conflito", disse. O setor de inteligência da Polícia Civil recebeu informações de que traficantes das favelas do Rio onde o criminoso age estão sendo recrutados para atuar em Macaé.


Texto Anterior: Maioria dos paulistanos agora diz que não quer deixar SP
Próximo Texto: Aeroporto: Justiça impede Denarc de atuar em Cumbica
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.