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AIDS
Ministro disse que distribuição de remédios continua mesmo com a desvalorização do real em relação ao dólar
Serra diz que não vai faltar coquetel em 99
BETINA BERNARDES
da Sucursal de Brasília
O ministro da Saúde, José Serra,
afirmou ontem que está garantida
a distribuição gratuita do coquetel
anti-HIV neste ano, mesmo com a
desvalorização do real em relação
ao dólar.
De acordo com o ministério,
60% dos remédios que compõem
o coquetel são importados e, portanto, negociados em dólar, e 40%
são produzidos em laboratórios
nacionais estatais.
Segundo a Coordenação Nacional de Doenças Sexualmente
Transmissíveis e Aids, em 98 foram gastos R$ 350 milhões com os
medicamentos que formam o coquetel anti-HIV, que foram usados por 57,8 mil pacientes.
Em dólares, esse valor seria de
aproximadamente US$ 342 milhões, o que significa que cerca de
US$ 205 milhões foram gastos
com importação de remédios.
Se for considerado o valor médio
em que o dólar comercial foi negociado na última quinta-feira (R$
1,66), o ministério gastaria agora
R$ 340 milhões somente com a
compra dos componentes importados do coquetel, ou R$ 130 milhões a mais que em 98.
De acordo com a coordenação
de Aids, em 99 devem ser destinados no total de R$ 400 milhões a
R$ 500 milhões para a aquisição e
distribuição do coquetel para 65
mil pacientes.
"O valor do dólar não está fixado ainda e não dá para fazer estimativas de quanto vai se gastar a
mais para a compra dos remédios.
Mas é certo que não vai faltar dinheiro para os medicamentos da
Aids e vamos continuar a distribuição gratuita, mesmo porque isso é garantido por lei", disse.
Segundo Serra, o Ministério da
Saúde tem conseguido economizar dinheiro com o uso do coquetel pelos portadores do vírus HIV.
A mediana de sobrevida de um paciente após o diagnóstico da Aids
em 89 era de cerca de 5 meses.
A estimativa do ministério é que
essa mediana de sobrevida tenha
passado a no mínimo 15 meses
com o uso do coquetel.
"A distribuição do coquetel está
garantida por uma questão humana, social e inclusive econômica",
disse o ministro.
De acordo com Serra, em 99 será
priorizada a expansão das redes
alternativas de tratamento para
Aids, como o hospital-dia e a assistência domiciliar aos pacientes.
O custo da internação diária de
um paciente com Aids em um hospital convencional é de R$ 106. No
hospital-dia, em que o paciente é
atendido e volta para casa no mesmo dia, é de R$ 51. Na assistência
domiciliar, o custo é de R$ 12. A
meta é que este ano passe de 150
para 300 o número de hospitais-dia no país.
Além da economia com esses
tratamentos alternativos, o ministério também poderá economizar
mais comprando medicamentos
da Argentina, segundo Serra.
"No projeto aprovado para a
criação da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária há um dispositivo para facilitar as importações
da Argentina. Isso pode baratear a
compra de medicamentos porque
os argentinos têm um sistema de
patenteamento mais liberal e há
remédios que custam 50% menos
do que os produzidos no Brasil",
disse o ministro.
Também foram divulgados ontem os novos números da Aids no
Brasil. De acordo com o último
boletim epidemiológico da doença, o país registrou de setembro a
novembro do ano passado 5.070
casos da doença, o que faz que o
número de casos acumulados desde 80 seja de 145,3 mil.
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