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DENGUE
Prefeita de São Paulo interrompe fala de assessor e diz que investimento deveria ter vindo do Ministério da Saúde
Marta desautoriza secretário da Saúde
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A prefeita de São Paulo, Marta
Suplicy (PT), desautorizou publicamente ontem o seu secretário
da Saúde, Eduardo Jorge, durante
entrevista coletiva para anunciar
o dia de combate à dengue, que
ocorre hoje no município.
Logo depois de a prefeita ter dito aos jornalistas que o governo
federal não investiu em campanhas contra a doença, Jorge afirmou: "O que a Marta falou é verdade, se a gente tivesse investido
em comunicação pesada ...".
Bruscamente, ele foi interrompido pela prefeita: "A gente não!
O Ministério da Saúde, o ministério tem de investir".
Em seguida, em tom baixo, Jorge afirmou que falava sobre a situação no país.
Marta voltou então a repreender o secretário: "Mas nós não somos Brasil, estamos na cidade de
São Paulo. Se o governo e o Ministério da Saúde tivessem investido
como nós temos investido (...),
não estaríamos nessa situação."
Durante alguns minutos, houve
silêncio na sala da prefeita, no Palácio das Indústrias (centro da cidade). Em seguida, a prefeita encerrou sua participação na entrevista e deixou o local.
Jorge continuou falando com os
jornalistas por mais alguns minutos, até o momento em que assessores de Marta avisaram que a entrevista precisaria ser encerrada,
porque o local iria ser usado para
outra cerimônia.
Defesa do SUS
O pito inicial de Marta ao seu secretário ocorreu depois de Eduardo Jorge defender o SUS (Sistema
Único de Saúde), que ajudou a
criar quando era deputado constituinte em 1988 e do qual é um
dos maiores defensores no país.
"O Brasil está com esse problema [epidemia da dengue" desde
1986 (...). Não concordo, não aceito, não admito que as pessoas facilmente queiram desmoralizar o
SUS porque a gente falhou, o Brasil falhou nessa questão. Um sistema que colocou o Brasil em segundo lugar nos transplantes no
mundo, o único que controlou a
epidemia de Aids não pode ser
julgado de forma sumária e desinformada", disse Jorge.
Admirado pelo ex-ministro da
Saúde e pré-candidato à Presidência José Serra (PSDB), ele já
manifestou por várias vezes sua
admiração pelo político tucano.
Segundo pessoas próximas ao
secretário, Jorge desagrada integrantes do gabinete da prefeita
por ter posição independente.
No ano passado, o secretário
enfrentou dificuldades para que o
gabinete acelerasse projetos essenciais para sua pasta, como o
que criou as autarquias para administrar os hospitais.
Também teria se desentendido
com vereadores da base governista que pressionavam por cargos
nessas unidades.
Sofreu outro desgaste ao tentar
manter um diretor de hospital
que acabou sendo trocado devido
a pressões do gabinete. Segundo
vereadores da base governista,
Marta admira muito o trabalho
do secretário. E não tem outro nome para a Saúde. Também teria
dificuldades com a militância se
trocasse o titular da pasta.
Questionado sobre a afirmação
da prefeita Marta Suplicy de que a
responsabilidade da epidemia de
dengue no país era do governo federal, o ministro Barjas Negri respondeu que "ela deve estar desinformada".
Vaso com flores
Durante a entrevista ontem em
seu gabinete, a prefeita teve de dar
explicações sobre um vaso com
flores cheio de água que estava em
sua mesa. O mosquito da dengue
prefere água parada e limpa para
se reproduzir.
"Vasos como aquele têm de trocar a água todos os dias e limpar
com bucha", disse enquanto
apresentava um vídeo sobre prevenção que será mostrado hoje
nas 1.200 escolas municipais.
Segundo a assessoria de prefeita, as flores chegaram anteontem
e a água seria trocada ontem.
Colaboraram Aureliano Biancarelli, da
Reportagem Local, e a Sucursal do Rio
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