|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Roubo de carga triplica em seis anos em SP
Segundo pesquisa, foram registrados 2.653 casos de roubo de carga no Estado em 2001, um crescimento de 16% em relação a 2000
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
RENATO ESSENFELDER
DA REPORTAGEM LOCAL
O número de roubos de carga
no Estado de São Paulo triplicou
de 1995 a 2001. O crescimento desse tipo de crime aparece em pesquisa do Setcesp (Sindicato das
Empresas de Transporte de Cargas de São Paulo e Região).
De acordo com os dados do sindicato, no ano passado foram registrados 2.653 casos de roubo de
carga em São Paulo, contra 2.288
em 2000, um aumento de 16%.
Em 1995 eram 838 casos.
Para o assessor de segurança do
Setcesp, coronel Paulo Roberto de
Souza, os números mostram que
a "capacidade de resposta da polícia está aquém da necessidade".
Reflexos econômicos
Além dos riscos sofridos pelos
caminhoneiros, os crimes têm reflexos diretos na economia. Segundo o estudo, no ano passado
as perdas geradas foram de R$ 215
milhões, contra R$ 195 milhões
em 2000 (leia quadro ao lado).
O prejuízo causado pelos roubos de carga não incide, entretanto, apenas sobre as transportadoras. Com o crescimento do risco
do frete, as seguradoras passaram
a cobrar mais caro, e parte desse
custo extra acaba sendo repassado aos produtos transportados.
Assim, o consumidor é lesado
quando compra produtos legais,
mais caros. Os ilegais voltam ao
mercado com grandes descontos.
Por esse motivo, o sindicato recomenda cautela com "megapromoções" e diz que a única forma
de combater o roubo de cargas é
acabando com os receptadores da
mercadoria ilegal. "O grande receptador virou também mandante do crime", constata Geraldo
Aguiar de Brito Vianna, presidente da NTC (Associação Nacional
de Transporte de Cargas).
Segundo ele, se na década de 80
o produto do roubo tinha como
destino os camelôs da cidade, hoje grandes lojas receptam a mercadoria. Elas compram barato e
vendem com desconto.
Financiamento
Segundo Vianna, a Secretaria da
Segurança Pública subestima a
importância do roubo de carga
como fonte de financiamento do
crime organizado.
"O crime é custeado por três
pernas principais: o tráfico de armas, de drogas e o roubo de carga.
A quarta perna, ainda recente, seria o sequestro", diz. Para ele, a
polícia deveria combater todas essas variedades igualmente.
A idéia de cortar o dinheiro de
financiadores como forma de
conter o avanço da criminalidade
é defendida também pelo coronel
Souza. "Tudo o que é roubado
acaba voltando ao mercado. O
que alguém faria com um carregamento de 500 TVs?"
Para conter a receptação de
mercadorias roubadas, a NTC defende que o Estado forme "forças-tarefas" de fiscais fazendários e
policiais para atuar na área.
Os primeiros seriam capazes de
identificar quais mercadorias são
roubadas dentro das grandes lojas. Os policiais investigariam os
casos registrados para tentar desmantelar as quadrilhas especializadas nesses crimes.
Segundo a polícia, a ação das
quadrilhas de roubo de carga é extremamente organizada. Além de
preparadas para roubar os caminhões, elas têm ainda de esconder
e distribuir o fruto do roubo.
Além disso, os tipos de carga a
serem roubados costumam ser
minuciosamente estudados. Entre os mais visados, estão cigarros,
medicamentos e produtos eletrônicos. "Se os ladrões pegam um
carregamento de perecíveis podem até dar uma de Robin Hood e
distribuir o produto em favelas
onde mantêm esconderijos. Assim, compram o silêncio", diz o
coronel Marcos Paulo Beck, superintendente da empresa de gerenciamento de risco Multisat.
Texto Anterior: Finalidade de sequestro "dá no mesmo", diz FHC Próximo Texto: Para secretaria, número cresceu 7,6% em um ano Índice
|