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São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 2003

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Estudo orientará políticas públicas

DA REDAÇÃO

Em um contexto em que os recursos públicos são escassos e os problemas sociais são imensos, certamente é oportuno responder à pergunta: entre tantos, onde estão os mais pobres?
O Mapa da Vulnerabilidade Social tem como objetivo fazer uma leitura mais rica dos números do Censo 2000, com o objetivo de fornecer subsídios ao direcionamento de políticas de governo.
Encomendado pela Secretaria da Assistência Social da Prefeitura de São Paulo, ele fornece informações sobre áreas habitadas em média por 200 famílias.
A secretária da Assistência Social, Aldaíza Sposati, diz que o estudo surgiu também devido à dificuldade de analisar realidades locais a partir dos macrodados dos distritos. Ao indicar os pontos mais críticos das regiões, o mapa terá a dupla função de balizar novas ações sociais e de avaliar as iniciativas em curso.
"A pesquisa reinterpreta a cidade no aspecto micro, à luz das privações sociais e do formato das famílias. É fundamental na elaboração dos planos regionais", afirma.
O mapa, ao sobrepor as carências das áreas, fornece instrumental para a elaboração das políticas públicas, ressalta o demógrafo Haroldo da Gama Torres, 42, do Centro de Estudos da Metrópole, um dos autores do estudo.
Torres explica a importância de um projeto dessa natureza comparando as magnitudes que estão envolvidas. São Paulo, com mais de 10 milhões de habitantes, tem uma população que é cerca de dois terços da do Chile.
Somente o Grajaú, na zona sul, tem 231 setores de alta privação. Esse distrito tem problemas socioeconômicos complexos e abriga 332 mil pessoas -o equivalente à população de uma cidade como Piracicaba (SP)-, 69,1% delas em áreas de alta vulnerabilidade. E São Paulo tem 96 distritos.
Por isso é necessário fracionar as realidades, detalhar as condições específicas dos grupos sociais. De outra maneira, corre-se o risco de adotar políticas generalistas e inadequadas.
Para Dirce Koga, 39, do Núcleo de Seguridade e Assistência Social da PUC-SP, a análise territorial é um componente decisivo para definir a ação pública. "É essencial considerar o contexto em que as pessoas vivem."

Demandas potenciais
O mapa permite identificar demandas de diferentes espécies.
Exemplo: além das políticas universais de saúde, educação, segurança e infra-estrutura urbana, pode haver necessidade de centros de convivência e/ou equipamentos de saúde adaptados para os grupos mais idosos.
Em uma área de concentração de adolescentes, a demanda pode estar voltada para cultura e lazer, educação profissionalizante e medidas de prevenção à violência.
Em setores em que se verifica a presença significativa de crianças em lares chefiados por mulheres, há forte indicação de necessidade de investimentos específicos para saúde infantil e creches.
A pesquisa teve um custo de R$ 130 mil. Os mapas estão disponíveis no site do CEM. (ECD)

www.centrodametropole.org.br/cemsas


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