São Paulo, segunda-feira, 23 de fevereiro de 2004

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ABRE-ALAS

A paulistana quase carioca

DANUZA LEÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Até a noite de sábado, os cariocas não estavam nem aí para o Carnaval, e só existiam dois assuntos palpitantes nas rodas da zona sul do Rio: o iate do milionário americano Paul Allen, ancorado na enseada de Botafogo, e a gravidez/separação de Luma de Oliveira.
Com 50 tripulantes fixos, o iate possui um pequeno submarino - amarelo -, e uma plataforma tipo desembarque na Normandia de onde saem barcos de apoio, sendo que um deles com 60 pés, que tal? No último andar, um jardim suspenso do qual se vê uma palmeira -isso é que é luxo.
Agora, Luma. Saiu na imprensa que ela não desfilaria este ano por estar grávida; logo depois, que vai se separar; em seguida, que seu marido, Eike, tem outra família. Se isso for verdade, como será essa mulher? A cara, o corpo? Em pleno Carnaval, a importância desse assunto é infinitamente maior do que a crise do PT, Waldomiro, José Dirceu e Lula juntos.
Agora, o Carnaval -enfim. Está meio estranho: muitos blocos, mas num clima bem familiar, tipo pais com os filhos nos ombros, e a patroa do lado. A banda da Carmem Miranda não saiu por falta de grana, e o mundo gay está menos presente com medo dos pit boys, que têm sido violentos com eles em Ipanema e no Leblon. Os valores familiares são sempre louváveis, mas vamos ser sinceros: Carnaval muito família não tem graça.
Mas houve, na noite de sábado, uma boa surpresa. Nessa noite o Grupo de Acesso, que reúne as escolas mais modestas da cidade, costuma se apresentar para uma Marquês de Sapucaí quase vazia; só que desta vez as arquibancadas estavam lotadas e o desfile foi um show de bola.
O desfile estava lindo, luxuoso, animado, e o melhor de tudo: sem camarotes patrocinados nem marketing de nenhuma espécie, um Carnaval pelo Carnaval, como era antes.
Adriane Galisteu, que não é boba nem nada, saiu de madrinha da bateria da Acadêmicos da Rocinha e brilhou sozinha: foi a única estrela do desfile.
Mas não foi só ela quem sentiu a nova tendência. Eram 5h da manhã quando vi na tela da televisão, acompanhando o desfile da escola -e no asfalto- o convidado que, segundo noticiou ontem Monica Bergamo, é a segunda pessoa mais difícil de ser visto em algum camarote da avenida: o poderoso Boni (o primeiro, Chico Buarque). Boni, por sinal, é vizinho da Rocinha, berço da escola.
E só para provocar: a escola de samba Vai-Vai estava tão bonita, mas tão bonita, que parecia até carioca.


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