|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ABRE-ALAS
A paulistana quase carioca
DANUZA LEÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Até a noite de sábado, os
cariocas não estavam nem aí
para o Carnaval, e só existiam
dois assuntos palpitantes nas rodas da zona sul do Rio: o iate do
milionário americano Paul Allen,
ancorado na enseada de Botafogo, e a gravidez/separação de Luma de Oliveira.
Com 50 tripulantes fixos, o iate
possui um pequeno submarino
- amarelo -, e uma plataforma
tipo desembarque na Normandia
de onde saem barcos de apoio,
sendo que um deles com 60 pés,
que tal? No último andar, um jardim suspenso do qual se vê uma
palmeira -isso é que é luxo.
Agora, Luma. Saiu na imprensa
que ela não desfilaria este ano por
estar grávida; logo depois, que vai
se separar; em seguida, que seu
marido, Eike, tem outra família.
Se isso for verdade, como será essa mulher? A cara, o corpo? Em
pleno Carnaval, a importância
desse assunto é infinitamente
maior do que a crise do PT, Waldomiro, José Dirceu e Lula juntos.
Agora, o Carnaval -enfim. Está meio estranho: muitos blocos,
mas num clima bem familiar, tipo
pais com os filhos nos ombros, e a
patroa do lado. A banda da Carmem Miranda não saiu por falta
de grana, e o mundo gay está menos presente com medo dos pit
boys, que têm sido violentos com
eles em Ipanema e no Leblon. Os
valores familiares são sempre louváveis, mas vamos ser sinceros:
Carnaval muito família não tem
graça.
Mas houve, na noite de sábado,
uma boa surpresa. Nessa noite o
Grupo de Acesso, que reúne as escolas mais modestas da cidade,
costuma se apresentar para uma
Marquês de Sapucaí quase vazia;
só que desta vez as arquibancadas
estavam lotadas e o desfile foi um
show de bola.
O desfile estava lindo, luxuoso,
animado, e o melhor de tudo: sem
camarotes patrocinados nem
marketing de nenhuma espécie,
um Carnaval pelo Carnaval, como
era antes.
Adriane Galisteu, que não é boba nem nada, saiu de madrinha
da bateria da Acadêmicos da Rocinha e brilhou sozinha: foi a única estrela do desfile.
Mas não foi só ela quem sentiu a
nova tendência. Eram 5h da manhã quando vi na tela da televisão,
acompanhando o desfile da escola -e no asfalto- o convidado
que, segundo noticiou ontem
Monica Bergamo, é a segunda
pessoa mais difícil de ser visto em
algum camarote da avenida: o poderoso Boni (o primeiro, Chico
Buarque). Boni, por sinal, é vizinho da Rocinha, berço da escola.
E só para provocar: a escola de
samba Vai-Vai estava tão bonita,
mas tão bonita, que parecia até
carioca.
Texto Anterior: CARNAVAL Crise política alimenta galhofa no Rio Próximo Texto: Confete - Memória: Rita Cadillac destaca jargão de Chacrinha Índice
|