São Paulo, quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006

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Vizinhos se dividem sobre a manutenção de "pentágono"

PAULO SAMPAIO
DA REVISTA DA FOLHA

Metade da população que mora ao redor da praça Roosevelt é a favor da manutenção do "pentágono" -como é chamada a estrutura de cinco lados de concreto que cobre o lugar-, metade é contra. É o que diz a cúpula da Ação Local, movimento criado há seis anos para tentar erradicar dali o tráfico de drogas e a prostituição e reivindicar segurança.
"É possível revitalizar a praça sem obras que a coloquem abaixo. Não é porque o telhado está quebrado que você vai derrubar a casa", diz a diretora-secretária da ação, Bartira Rocha, 63, que mora no local desde que nasceu e acompanhou a construção da praça. Ela aponta segurança, higiene e zeladoria como soluções de revitalização do lugar.
Já o fiscal da Receita Federal Fábio Branco, 51, acredita que "o "pentágono" é uma aberração". "Onde já se viu uma praça que fica acima do nível da rua? A estrutura de marquise e os vãos de concreto facilitam a ocupação pelos sem-teto", diz ele. Ele afirma que uma praça limpa, sem muitos bancos nem cantos, pode ser a solução. "Toda intervenção tem de ser bem ocupada."
A vizinhança ali é eclética. "O meu prédio tem apartamentos de 300 m2, a síndica é de família tradicional e fica entre duas quitinetes", diz Branco. Todos concordam, porém, que essa diversidade não inclui mais prostitutas nem traficantes: "Isso aqui era um horror. Está vendo aquele bueiro? Era ali que os traficantes guardavam droga. Aquele prédio lá do fim era ocupado só por prostitutas", diz o ator transformista cubano Phedra de Córdoba.
De fato, a Ação Local "limpou a área": fechou a boate Corsário, de homossexuais, traficantes e criminosos, expurgou as prostitutas do prédio mencionado por Phedra. Hoje há cinco teatros e três bares com mesinhas na calçada, onde os freqüentadores conversam sem medo. "Por que não é possível fazer o mesmo com a praça?", pergunta o sócio dos teatros Satyros 1 e 2, Ivam Garcia, 42, que enfrentou problema de falta de público no início, há cinco anos, por medo das pessoas de freqüentar a região.
"Eles iluminaram a praça. Depois, melhoraram o policiamento e, por fim, houve uma grande vontade da população de revitalizar essa calçada", diz Ivam.
A princípio, ele é contra a demolição do "pentágono". "Eles vão pela lógica brutal: derruba tudo, em vez de gastar menos dinheiro para conseguir resultado equivalente." De qualquer forma, a Ação Local diz que não foi informada de nenhuma obra até agora.


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