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Vizinhos se dividem sobre a manutenção de "pentágono"
PAULO SAMPAIO
DA REVISTA DA FOLHA
Metade da população que mora
ao redor da praça Roosevelt é a favor da manutenção do "pentágono" -como é chamada a estrutura de cinco lados de concreto que
cobre o lugar-, metade é contra.
É o que diz a cúpula da Ação Local, movimento criado há seis
anos para tentar erradicar dali o
tráfico de drogas e a prostituição e
reivindicar segurança.
"É possível revitalizar a praça
sem obras que a coloquem abaixo. Não é porque o telhado está
quebrado que você vai derrubar a
casa", diz a diretora-secretária da
ação, Bartira Rocha, 63, que mora
no local desde que nasceu e acompanhou a construção da praça.
Ela aponta segurança, higiene e
zeladoria como soluções de revitalização do lugar.
Já o fiscal da Receita Federal Fábio Branco, 51, acredita que "o
"pentágono" é uma aberração".
"Onde já se viu uma praça que fica acima do nível da rua? A estrutura de marquise e os vãos de concreto facilitam a ocupação pelos
sem-teto", diz ele. Ele afirma que
uma praça limpa, sem muitos
bancos nem cantos, pode ser a solução. "Toda intervenção tem de
ser bem ocupada."
A vizinhança ali é eclética. "O
meu prédio tem apartamentos de
300 m2, a síndica é de família tradicional e fica entre duas quitinetes", diz Branco. Todos concordam, porém, que essa diversidade
não inclui mais prostitutas nem
traficantes: "Isso aqui era um horror. Está vendo aquele bueiro? Era
ali que os traficantes guardavam
droga. Aquele prédio lá do fim era
ocupado só por prostitutas", diz o
ator transformista cubano Phedra
de Córdoba.
De fato, a Ação Local "limpou a
área": fechou a boate Corsário, de
homossexuais, traficantes e criminosos, expurgou as prostitutas
do prédio mencionado por Phedra. Hoje há cinco teatros e três
bares com mesinhas na calçada,
onde os freqüentadores conversam sem medo. "Por que não é
possível fazer o mesmo com a
praça?", pergunta o sócio dos teatros Satyros 1 e 2, Ivam Garcia, 42,
que enfrentou problema de falta
de público no início, há cinco
anos, por medo das pessoas de
freqüentar a região.
"Eles iluminaram a praça. Depois, melhoraram o policiamento
e, por fim, houve uma grande
vontade da população de revitalizar essa calçada", diz Ivam.
A princípio, ele é contra a demolição do "pentágono". "Eles
vão pela lógica brutal: derruba tudo, em vez de gastar menos dinheiro para conseguir resultado
equivalente." De qualquer forma,
a Ação Local diz que não foi informada de nenhuma obra até agora.
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