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Casos de dengue caem 40% no país, mas sobem 117% no Rio
Dados comparam as cinco primeiras semanas deste ano com igual período de 2007
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
O número de casos de dengue no Brasil teve uma queda
de 40% nas cinco primeiras semanas deste ano em comparação com o mesmo período de
2007. A redução aconteceu na
maioria dos Estados, mas poderia ter sido mais significativa,
caso o Rio de Janeiro não apresentasse tendência inversa, registrando aumento de 117%.
Os dados foram divulgados
ontem, pelo Ministério da Saúde, no Palácio Laranjeiras (residência oficial do governo), em
cerimônia com a presença do
governador Sérgio Cabral
(PMDB). Não estavam presentes o prefeito do Rio, Cesar
Maia (DEM), nem seu secretário Municipal de Saúde, Jacob
Kligerman. Além do Rio, outros
dez Estados tiveram aumento
-cinco deles no Norte, razão
pela qual a região foi a única a
apresentar crescimento (de
55%). Em todas as regiões, no
entanto, o ministério diz haver
baixa incidência (menos de 100
casos/100 mil habitantes).
Os 8.486 casos no Rio no início do ano representam 26% do
total de 32 mil registros no Brasil. Levando em conta o tamanho da população, no entanto, a
maior incidência é em Tocantins, com 192 casos por 100 mil
habitantes.
Em São Paulo, foram registrados apenas 254 casos até
agora, uma redução de 95% em
relação aos 4.694 do mesmo
período do ano passado.
A situação do Rio é preocupante também por causa da
maior letalidade. Até a tarde de
ontem, das 14 mortes confirmadas no Brasil, nove foram na
cidade do Rio. Após a divulgação dos dados pelo ministério, a
Secretaria Municipal de Saúde
do Rio divulgou que o número
aumentou para 12 na capital.
Uma das razões para os números do Rio, segundo o ministro José Gomes Temporão, é o
alto percentual (chega a 38% na
região metropolitana) de domicílios onde os agentes de saúde
não conseguem fiscalizar.
De acordo com o secretário
de Vigilância em Saúde do ministério, Fabiano Pimenta, o
percentual é de aproximadamente 20% em cidades turísticas ou litorâneas e chega a apenas 10% em Belo Horizonte.
Por isso, Cabral anunciou o
envio de um projeto de lei à Assembléia Legislativa permitindo que, em áreas com surto
comprovado da doença, os
agentes possam entrar à força
caso o proprietário, após notificação e multa, se recuse a abrir
o imóvel. "Isso [o alto percentual de domicílios onde os
agentes não conseguem entrar]
é absolutamente inaceitável."
Para Pimenta, por se tratar
de interesse público, a medida é
constitucional.
O conselheiro federal da
OAB, Cláudio Pereira Neto,
tem outra interpretação e diz
que o artigo 5º da Constituição
garante que "a casa é um asilo
inviolável do indivíduo e ninguém pode penetrar nela sem a
autorização do morador".
Temporão ainda apontou como problema do Rio a baixa cobertura do programa de saúde
da família -menos de 10% da
população, segundo o ministério. Ele citou ainda a distribuição insatisfatória de tampas de
caixa d'água -o local é foco do
mosquito transmissor da doença. Foram, de acordo com o ministro, 7.000 no ano passado,
quando, em seu entendimento,
deveriam ter sido cem vezes
mais. A Secretaria Municipal
de Saúde do Rio disse que não
comentaria as críticas.
Colaborou DIANA BRITO, do Rio
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