São Paulo, sábado, 23 de fevereiro de 2008

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SP planta menos e mantém ilhas de aridez

Prefeitura não atinge metas anuais de plantio de mudas definidas em 2005; São Mateus foi a região que mais recebeu árvores

Para chegar a 840 mil novas árvores até dezembro, faltam 467.046 mudas, mais do que as 372.954 plantadas desde 2005

AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

A sensação para quem passa pela av. Celso Garcia, do início até a altura do número 1.907, é de desolação. Nesse trecho (cerca de 2 dos 6 quilômetros da avenida), na zona leste de São Paulo, apenas três árvores pequenas são vistas na calçada.
Situação semelhante pode ser notada em vias como a Santo Amaro (na zona sul), Anhaia Mello (na zona leste) e até mesmo em bairros inteiros.
Apesar dessa carência de verde na cidade, a Prefeitura de São Paulo não conseguiu alcançar até agora as metas anuais do programa de Arborização Urbana, iniciado em 2005 pela gestão José Serra.
O objetivo era chegar a 840 mil novas árvores ao final de 2008 -para isso, deveriam ser plantadas 211,2 mil árvores por ano. No primeiro ano foram plantadas 37.855. Em 2006, o plantio saltou para 173.144 mudas. Em 2007 foram 161.955 novas árvores, totalizando 372.954 mudas. Faltam, portanto, 467.046 mudas para a meta ser atingida neste ano.
Atualmente, existem cerca de 3 m2 de área verde por habitante em SP -o ideal, segundo a Organização Mundial de Saúde, são 12 m2. Já cada morador de Curitiba (PR) possui 51,5 m2 de vegetação.
O próprio secretário do Verde e Meio Ambiente, Eduardo Jorge, admite que não será possível cumprir o objetivo. Porém, ele afirma que plantou muito mais que na gestão anterior.
Na opinião do biólogo Gregório Ceccantini, professor do departamento de Botânica da USP, "esse número é muito pequeno dada a deficiência de áreas verdes e considerando a taxa de mortalidade e queda".
Já para o professor Demóstenes da Silva Filho, da Esalq (Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz, da USP), "caso esse plantio tenha sido efetivado em vias públicas, seriam 1.850 km de vias arborizadas com 200 árvores por km de via". Isso significa uma melhora no microclima da cidade.
"Vias cobertas por copas de árvores estariam sombreadas e a amplitude térmica seria consideravelmente reduzida, ampliando o conforto e conseqüentemente a saúde de quem mora próximo", diz.

Plantio por áreas
São Mateus, na zona leste, foi a região que mais ganhou verde entre 2006 e 2007: 28.144 mudas. Na seqüência, vieram as subprefeituras de Butantã (zona oeste), Capela do Socorro (zona sul) e Mooca (zona leste). Delas, a Mooca é a menos arborizada atualmente.
Já as piores regiões foram Ipiranga (zona sul) -com 2.289 mudas-, Sé (região central), Guaianases e Vila Prudente (ambas na zona leste). Dessas, Guaianases é a menos carente em verde.
Os plantios foram feitos por equipes das subprefeituras e da Secretaria do Verde. Alguns ocorreram ainda em razão de termos de compensação ambiental -quando uma empresa precisa plantar ou doar mudas para compensar danos causados por um empreendimento.
Os dados de plantio por subprefeitura não incluem as mudas que a prefeitura forneceu para escolas, unidades de saúde etc. Por meio desse tipo de ação foi feito plantio de 973 mudas em 2006 e 23.991 em 2007.
"A gente sente muito a necessidade de verde. Eu tenho direto falta de ar, aqui só tem poluição. Seria bom se plantassem mais árvores", diz a vendedora de cosméticos Maria Odete Facundo, 54, moradora de Ermelino Matarazzo, na zona leste.
A região continua predominantemente cinza. Mas já é possível ver mudas principalmente em canteiros centrais de avenidas, como a São Miguel.
Em áreas nobres o problema também é visível. Para a arquiteta e paisagista Elza Niero, uma decepção atualmente é a av. Morumbi. "Ela está se tornando uma av. Santo Amaro, árida. As árvores estão sumindo e não são replantadas."

Vantagens
A vegetação ajuda a minimizar enchentes -já que auxilia na absorção da chuva e diminui a velocidade da água. E, para o arquiteto paisagista Benedito Abbud, ex-presidente da Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas, a vegetação traz harmonia para a metrópole.
Além disso, em grande quantidade, minimiza o ruído.


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