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Rio de Janeiro
Vila Isabel leva o teatro municipal à Sapucaí
DA SUCURSAL DO RIO
Para contar a história do Teatro Municipal do Rio na primeira noite do Grupo Especial
carioca, a Unidos de Vila Isabel
conciliou luxo com criatividade. As alegorias coreografadas
por Paulo Barros -que dividiu
a função de carnavalesco com
Alex de Souza- arrancaram
aplausos do público, em especial um carro com 150 pessoas
cobertas de purpurina dourada
representando as tragédias gregas e o do Lago dos Cisnes, com
a bailarina Ana Botafogo.
Durante o desfile, a primeira-dama Marisa Letícia -que
acompanhou o presidente Lula
na avenida- desceu do camarote do governador Sérgio Cabral, abraçou Martinho da Vila
e arriscou alguns passos.
Antes da Vila, a Acadêmicos
do Grande Rio, em busca de seu
primeiro título, também apostou no luxo. Única escola a conseguir patrocínio (R$ 4 milhões
de empresas francesas e da Prefeitura de Nice), apresentou-se
com grandes alegorias e pesadas fantasias, o que rendeu
bom efeito visual, mas dificultou a evolução.
Mesmo com uma das melhores baterias do Rio, comandada
por mestre Odilon e tendo a
atriz Paola Oliveira à frente, e
usando dezenas de celebridades (como Susana Vieira e Cristiane Torloni), a Grande Rio
não empolgou muito as arquibancadas com seu enredo sobre
as relações entre França e Brasil. Nem os convidados do camarote da agremiação mostravam muito entusiasmo.
A escola ainda enfrentou
problemas. O bailarino Bruno
Cezário, que representou o rei
Luiz 14 na comissão de frente,
caiu de seu trono no início, precisando de ajuda para voltar.
Uma componente desmaiou
por causa do calor, muito forte
dentro das fantasias criadas
por Cahê Rodrigues. É do luxo e
dos acertos técnicos que escola
depende. "Acredito que a queda
do destaque vá fazer a escola
perder pontos. Vamos entregar
a Deus. A escola vai se sair
bem", disse Rodrigues.
O Império Serrano, que abriu
a noite, desfilou num outro extremo de estilo: completamente simples. Algumas alegorias e
fantasias eram até precárias.
O grande trunfo foi a reedição do conhecido samba do
Carnaval de 1976, gravado 12
anos depois por Marisa Monte.
Apresentado antes como "A
Lenda das Sereias Rainhas do
Mar" -com a adaptação feita
pela carnavalesca Márcia Lage,
o enredo passou a se chamar "A
Lenda das Sereias e os Mistérios do Mar"-, o samba foi bem
cantado pela plateia.
A história das sereias, das variações da figura de Iemanjá e
de outros mitos do mar foi contada de maneira clara, até repetitiva, com os carros alegóricos
representando as entidades femininas da letra do samba
("Ogunté, Marabô/ Caiala e Sobá/ Oloxum, Inaê/ Janaína e
Iemanjá") e as fantasias fazendo alusões a medusa, anemôneas e outros seres.
"Dei uma repaginada [no
enredo], uma leveza a mais nas
fantasias", disse Márcia Lage.
A escolha do enredo também
foi uma maneira de receber os
R$ 500 mil oferecidos pela Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba) a quem reeditasse um samba antigo. A escola fez seu desfile com cerca de
R$ 4 milhões -um dos menores orçamentos do ano.
A comissão de frente usou
uma espécie de patinete para
simular o nado de cavalos-marinhos. O abre-alas trouxe a coroa, símbolo da escola, com
uma grande imagem de Netuno, o deus do mar.
Ainda desfilariam Mocidade
Independente, Beija-Flor e
Unidos da Tijuca.
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