São Paulo, segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

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Rio de Janeiro

Vila Isabel leva o teatro municipal à Sapucaí

DA SUCURSAL DO RIO

Para contar a história do Teatro Municipal do Rio na primeira noite do Grupo Especial carioca, a Unidos de Vila Isabel conciliou luxo com criatividade. As alegorias coreografadas por Paulo Barros -que dividiu a função de carnavalesco com Alex de Souza- arrancaram aplausos do público, em especial um carro com 150 pessoas cobertas de purpurina dourada representando as tragédias gregas e o do Lago dos Cisnes, com a bailarina Ana Botafogo.
Durante o desfile, a primeira-dama Marisa Letícia -que acompanhou o presidente Lula na avenida- desceu do camarote do governador Sérgio Cabral, abraçou Martinho da Vila e arriscou alguns passos.
Antes da Vila, a Acadêmicos do Grande Rio, em busca de seu primeiro título, também apostou no luxo. Única escola a conseguir patrocínio (R$ 4 milhões de empresas francesas e da Prefeitura de Nice), apresentou-se com grandes alegorias e pesadas fantasias, o que rendeu bom efeito visual, mas dificultou a evolução.
Mesmo com uma das melhores baterias do Rio, comandada por mestre Odilon e tendo a atriz Paola Oliveira à frente, e usando dezenas de celebridades (como Susana Vieira e Cristiane Torloni), a Grande Rio não empolgou muito as arquibancadas com seu enredo sobre as relações entre França e Brasil. Nem os convidados do camarote da agremiação mostravam muito entusiasmo.
A escola ainda enfrentou problemas. O bailarino Bruno Cezário, que representou o rei Luiz 14 na comissão de frente, caiu de seu trono no início, precisando de ajuda para voltar. Uma componente desmaiou por causa do calor, muito forte dentro das fantasias criadas por Cahê Rodrigues. É do luxo e dos acertos técnicos que escola depende. "Acredito que a queda do destaque vá fazer a escola perder pontos. Vamos entregar a Deus. A escola vai se sair bem", disse Rodrigues.
O Império Serrano, que abriu a noite, desfilou num outro extremo de estilo: completamente simples. Algumas alegorias e fantasias eram até precárias.
O grande trunfo foi a reedição do conhecido samba do Carnaval de 1976, gravado 12 anos depois por Marisa Monte. Apresentado antes como "A Lenda das Sereias Rainhas do Mar" -com a adaptação feita pela carnavalesca Márcia Lage, o enredo passou a se chamar "A Lenda das Sereias e os Mistérios do Mar"-, o samba foi bem cantado pela plateia.
A história das sereias, das variações da figura de Iemanjá e de outros mitos do mar foi contada de maneira clara, até repetitiva, com os carros alegóricos representando as entidades femininas da letra do samba ("Ogunté, Marabô/ Caiala e Sobá/ Oloxum, Inaê/ Janaína e Iemanjá") e as fantasias fazendo alusões a medusa, anemôneas e outros seres.
"Dei uma repaginada [no enredo], uma leveza a mais nas fantasias", disse Márcia Lage.
A escolha do enredo também foi uma maneira de receber os R$ 500 mil oferecidos pela Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba) a quem reeditasse um samba antigo. A escola fez seu desfile com cerca de R$ 4 milhões -um dos menores orçamentos do ano.
A comissão de frente usou uma espécie de patinete para simular o nado de cavalos-marinhos. O abre-alas trouxe a coroa, símbolo da escola, com uma grande imagem de Netuno, o deus do mar.
Ainda desfilariam Mocidade Independente, Beija-Flor e Unidos da Tijuca.


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