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LIGAÇÕES PERIGOSAS
Maior programa social de Garotinho está com o PPB
MARCELO BERABA
Diretor da Sucursal do Rio
O maior programa social do governo Anthony Garotinho, o de
construção de casas populares,
não está nas mãos do seu partido,
o PDT, nem de seu principal aliado, o PT, mas de Eduardo Cunha,
do PPB.
Atual presidente da Companhia
Estadual de Habitação (Cehab/
RJ), Cunha foi secretário da Executiva do PRN e pertenceu ao comitê eleitoral de Fernando Collor
na campanha presidencial de 89.
Depois, dirigiu a Telerj durante o
governo Collor.
Em 98, Cunha disputou uma
vaga para deputado estadual pelo
PPB, mas não se elegeu. Foi indicado, em agosto do ano passado,
para subsecretário de Habitação
do governo Garotinho e, depois,
para presidente da Cehab.
As indicações foram do deputado federal Francisco Silva, eleito
em 98 pelo PPB, mas que há três
meses mudou para o PST. Silva
foi secretário de Habitação do governo Garotinho até a extinção da
secretaria, em 1º de outubro. A
Cehab passou, então, para a esfera
da Secretaria Executiva de Governo. O deputado reassumiu o
mandato em Brasília, e Eduardo
Cunha permaneceu na presidência da Cehab. Os dois já tinham sido sócios numa empresa de turismo, a Montour.
Roberto Sass, dono da construtora paranaense Grande Piso e
que já venceu quatro licitações da
Cehab (duas para a construção de
2.577 casas populares em Nova
Sepetiba), também foi do PRN,
como Eduardo Cunha, e também
está filiado agora ao PPB.
Sass informou que soube das licitações da Cehab/RJ por intermédio do deputado federal Francisco Silva, em Brasília, onde sua
empresa venceu concorrência da
Secretaria de Habitação para a
construção da Vila Tecnológica.
As licitações ganhas pela Grande Piso no Rio, no valor de R$ 34
milhões, estão sob investigação
do Tribunal de Contas do Estado,
que desconfia de irregularidades.
Em 27 de fevereiro, a Folha noticiou que Jorge La Salvia, que trabalhou para o governo Collor assim como Eduardo Cunha, frequentava a Cehab. La Salvia foi
procurador de Paulo César Farias
(PC) e responde a pelo menos
quatro processos na Justiça Federal oriundos do período Collor.
O governo do Estado abriu sindicância para esclarecer a presença de La Salvia na Cehab, mas as
investigações ainda não terminaram. Segundo Eduardo Cunha,
La Salvia representa a empresa
Caci (Central de Administração
de Créditos Imobiliários). Ela ganhou duas licitações para prestação de serviços -uma contestada
e à espera de decisão judicial.
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