São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 2000


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LIGAÇÕES PERIGOSAS

Maior programa social de Garotinho está com o PPB

MARCELO BERABA
Diretor da Sucursal do Rio

O maior programa social do governo Anthony Garotinho, o de construção de casas populares, não está nas mãos do seu partido, o PDT, nem de seu principal aliado, o PT, mas de Eduardo Cunha, do PPB.
Atual presidente da Companhia Estadual de Habitação (Cehab/ RJ), Cunha foi secretário da Executiva do PRN e pertenceu ao comitê eleitoral de Fernando Collor na campanha presidencial de 89. Depois, dirigiu a Telerj durante o governo Collor.
Em 98, Cunha disputou uma vaga para deputado estadual pelo PPB, mas não se elegeu. Foi indicado, em agosto do ano passado, para subsecretário de Habitação do governo Garotinho e, depois, para presidente da Cehab.
As indicações foram do deputado federal Francisco Silva, eleito em 98 pelo PPB, mas que há três meses mudou para o PST. Silva foi secretário de Habitação do governo Garotinho até a extinção da secretaria, em 1º de outubro. A Cehab passou, então, para a esfera da Secretaria Executiva de Governo. O deputado reassumiu o mandato em Brasília, e Eduardo Cunha permaneceu na presidência da Cehab. Os dois já tinham sido sócios numa empresa de turismo, a Montour.
Roberto Sass, dono da construtora paranaense Grande Piso e que já venceu quatro licitações da Cehab (duas para a construção de 2.577 casas populares em Nova Sepetiba), também foi do PRN, como Eduardo Cunha, e também está filiado agora ao PPB.
Sass informou que soube das licitações da Cehab/RJ por intermédio do deputado federal Francisco Silva, em Brasília, onde sua empresa venceu concorrência da Secretaria de Habitação para a construção da Vila Tecnológica.
As licitações ganhas pela Grande Piso no Rio, no valor de R$ 34 milhões, estão sob investigação do Tribunal de Contas do Estado, que desconfia de irregularidades.
Em 27 de fevereiro, a Folha noticiou que Jorge La Salvia, que trabalhou para o governo Collor assim como Eduardo Cunha, frequentava a Cehab. La Salvia foi procurador de Paulo César Farias (PC) e responde a pelo menos quatro processos na Justiça Federal oriundos do período Collor.
O governo do Estado abriu sindicância para esclarecer a presença de La Salvia na Cehab, mas as investigações ainda não terminaram. Segundo Eduardo Cunha, La Salvia representa a empresa Caci (Central de Administração de Créditos Imobiliários). Ela ganhou duas licitações para prestação de serviços -uma contestada e à espera de decisão judicial.


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