São Paulo, terça-feira, 23 de março de 2004

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Sem infra-estrutura, doença avança

DA SUCURSAL DO RIO

DA REPORTAGEM LOCAL

Enchentes, lixo, água sem tratamento e doenças. Existe entre todos esses fatores uma relação estreita, segundo dados do "Atlas de Saneamento", do IBGE.
São Paulo, por exemplo, foi o Estado com maior número de cidades afetadas por inundações em 2000. A capital paulista, naquele mesmo ano, foi a cidade que mais registrou casos de leptospirose, doença de veiculação hídrica cuja contaminação acontece por meio da urina de ratos.
Foram 242 ocorrências em São Paulo, de acordo com dados do SUS (Sistema Único de Saúde), compilados pelo IBGE.
Também bastante atingida por enchentes, Recife ficou com o segundo lugar: 203 casos. Na cidade, ocorreu o maior número de óbitos -21. Em São Paulo, foram 11 mortes. Em Pernambuco, 42 cidades sofreram inundações.
Relacionada ao tratamento da água e às condições gerais de saneamento, de acordo com o IBGE, a diarréia também fez mais vítimas em Pernambuco.
Morreram, em 2000, 421 crianças com menos de cinco anos. Em seguida, ficaram Bahia (387 mortes), Ceará (377), São Paulo (331) e Alagoas (214). "As condições de saúde estão diretamente ligadas às condições sanitárias; onde estas são melhores, a mortalidade infantil é menor", afirma Valdi Camarcio Bezerra, presidente da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) -órgão responsável pela infra-estrutura de água e esgoto de municípios de até 30 mil habitantes, mais de 80% do total de cidades do país.
Diarréias, dengue, febre tifóide e malária são doenças de veiculação hídrica que preocupam.
"Sempre foi falado que o saneamento é fundamental para a saúde, mas nunca houve uma política voltada para a questão", afirma o presidente da Funasa.
Para acelerar a solução do problema de ausência de redes de esgoto em pequenas cidades, o governo busca "alternativas tecnológicas", diz Bezerra. No final do ano acontecerá um seminário para a seleção de projetos nacionais e internacionais mais simples e baratos, com o objetivo de aplicá-los na rede pública.
De acordo com Bezerra, as redes tradicionais de esgoto requerem altíssimos investimentos.
A Funasa tem R$ 1 bilhão para investir neste ano em saneamento, o que o presidente da fundação considera suficiente para o período. Segundo Bezerra, no entanto, a estimativa é que será preciso aumentar em 20% por ano esse recurso para dar conta do déficit.


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