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Na Bahia, partidos vão indicar diretores de escola
Medida foi anunciada em circular emitida por secretário de Jaques Wagner (PT)
Secretário diz que as indicações serão aceitas até a implantação de eleição direta nas escolas, promessa eleitoral do governador
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
O governo da Bahia, do petista Jaques Wagner, decidiu aceitar indicações de partidos políticos para os cargos de diretores e vice-diretores das 1.856
escolas estaduais. A decisão foi
comunicada aos colégios em
circular emitida pelo secretário
da Educação, Adeum Sauer.
Na circular, o secretário, que
também é filiado ao PT, diz que
as indicações políticas serão
aceitas até a implantação de
eleição direta nas escolas
-promessa feita por Jaques
Wagner na eleição de 2006.
Projeto de lei prevendo a
eleição direta nas escolas ainda
não foi encaminhado à Assembléia Legislativa -na circular, o
secretário diz que a proposta
será enviada pelo Executivo
"até o final do ano". Na campanha, o então candidato Jaques
Wagner prometeu estabelecer
eleições diretas em todas as escolas do Estado até 2008.
Na circular, o secretário petista afirma que os cargos "serão designados considerando
sugestões oriundas de partidos
políticos, lideranças comunitárias, representação sindical dos
trabalhadores em educação,
bem como a análise do currículo acadêmico e do perfil dos futuros gestores".
A APLB (Sindicato dos Professores Licenciados da Bahia),
que representa os professores
das redes públicas municipal e
estadual, criticou a circular.
"Enquanto não houver eleição direta, os diretores e vices
devem ser indicados pela comunidade. Do jeito que o secretário quer, os cargos serão dos
deputados, dos prefeitos ou dos
vereadores alinhados com o governo, jamais da comunidade",
disse o presidente da entidade,
Rui Oliveira, filiado ao PC do B
(Partido Comunista do Brasil).
O sindicalista Oliveira disse
que a circular de Sauer é um
"retrocesso". "Quem sabe da
capacidade de um diretor são
os professores, os alunos e os
pais, jamais um deputado que,
muitas vezes, nem sequer conhece como funciona uma escola pública."
Caça às bruxas
Até ontem, 171 diretores já
haviam sido exonerados, de
acordo com a Secretaria da
Educação, e substituídos.
Em discurso no plenário da
Assembléia Legislativa, o deputado Tarcízio Pimenta (PD),
antigo PFL, acusou o secretário
de promover uma "caça às bruxas" nas escolas de todo o Estado. "As exonerações e nomeações de novos diretores começaram em cidades administradas pelo PT, como Alagoinhas e
Vitória da Conquista", afirmou.
Até o ano passado, de acordo
com a APLB, a "comunidade
escolar" apresentava uma lista
com nomes de candidatos a diretor e vice. "Todo mundo envolvido na comunidade participava. Às vezes, as indicações
eram respeitadas pelo governo;
outras, não. Mas agora há um
direcionamento explícito", disse Oliveira.
Na Bahia, há aproximadamente 50 mil professores e 1,3
milhão de estudantes matriculados na rede estadual.
O secretário faz parte da cota
do PT no primeiro escalão. Ele
foi presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais
em Educação antes de ser nomeado pelo cargo.
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