São Paulo, sexta-feira, 23 de março de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Dengue atingiu recorde de cidades em 2006

Relatório diz que transmissão ocorreu em 245 cidades de SP no ano passado, contra 192 em 2001, ano de maio incidência da doença

Neste ano, embora em menor ritmo, já havia 169 cidades com registros de casos transmitidos no local até o último dia 19

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Estado de São Paulo registrou no ano passado um número recorde de municípios com casos de dengue transmitidos na própria cidade. Houve transmissão do vírus em 245 cidades, os chamados autóctones, e 48.769 casos, com 14 mortes. No recorde anterior, de 2001, ano da maior incidência da história do Estado, com 51.472 doentes, a transmissão ocorreu em 192 cidades. A doença surgiu em 1987 em Guararapes, região de Araçatuba, foi se expandindo e já atinge todas as regiões do Estado.
Neste ano, embora em menor ritmo, a doença continuou avançando e já havia, até o último dia 19, 169 municípios com registros de casos autóctones. Até esta semana, houve 7.808 registros, contra 10.257 no mesmo período de 2006, uma queda de 24% no período. Uma vítima, Andréa Yamamoto, 26, que morava na Liberdade, centro de São Paulo, morreu de dengue neste ano.
A Folha procurou a Secretaria de Estado da Saúde desde quarta-feira para comentar a situação da doença, mas ninguém se pronunciou. Secretário-executivo do Conasen (Conselho Nacional dos Secretários Municipais da Saúde), o médico José Ênio Servilha Duarte diz que o governo precisa mobilizar os prefeitos, pois somente as ações de saúde não impedirão o avanço da dengue. "É necessário um trabalho conjugado de limpeza pública, planejamento urbano e educação. Até a arquitetura das casas, com calhas, deveria mudar, pois o transmissor da dengue se reproduz nelas", diz.

Relatório
Os dados estão no relatório do CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica) que traça um perfil da doença em 2006 e fixa as principais linhas de ação para tentar conter a dengue. Os técnicos emitiram um alerta: além do recrudescimento da doença, que havia recuado em 2005, em 2006 houve 41 casos com algum tipo de complicação, como a forma hemorrágica, que pode matar, e a síndrome de choque de dengue. Porém, não há como comparar esses casos, pois eles só começaram a entrar nas estatísticas no ano passado.
Em Ubatuba, cidade do litoral norte de São Paulo, a prefeitura começou a pedir o reforço da Polícia Militar para entrar nas casas de pessoas que se recusam a permitir a entrada dos agentes sanitários. Até ontem, já havia registro de 286 casos neste ano, segundo o superintendente de Proteção à Saúde, Neilton Nogueira. A maioria se concentra na área central, a mais populosa.
Os agentes já entram nas casas que encontram fechadas, em busca de criadouros do mosquito Aedes aegypti, problema agravado devido ao grande número de imóveis de veraneio. Cerca de metade das 34 mil casas fica fechada na maior parte do ano. "Principalmente nos bairros em que há problemas de criminalidade ou até tráfico, há pessoas que se negam a abrir a porta. Não há outra solução."

Morte em Londrina
A Secretaria Municipal da Saúde de Londrina (PR) confirmou ontem a primeira morte por dengue hemorrágica neste ano no Estado. Maria Isabel Gil dos Reis, 58, morreu da doença no último dia 19. Ela já teria chegado a Londrina com dengue. O serviço de epidemiologia tenta agora descobrir se ela contraiu a doença em Maringá (428 km de Curitiba), onde morava, ou em Paranavaí (508 km da capital), onde esteve no período de incubação da doença. O último caso de morte por dengue hemorrágica em Londrina havia ocorrido em 2003.


Colaborou JOSÉ MASCHIO , da Agência Folha, em Londrina


Texto Anterior: Medicina da USP: Professor toma posse como titular
Próximo Texto: Documentos falsos: Polícia britânica prende 11 brasileiros
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.