|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Dengue atingiu recorde de cidades em 2006
Relatório diz que transmissão ocorreu em 245 cidades de SP no ano passado, contra 192 em 2001, ano de maio incidência da doença
Neste ano, embora em menor ritmo, já havia
169 cidades com registros de casos transmitidos no local até o último dia 19
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Estado de São Paulo registrou no ano passado um número recorde de municípios com
casos de dengue transmitidos
na própria cidade. Houve
transmissão do vírus em 245 cidades, os chamados autóctones, e 48.769 casos, com 14
mortes. No recorde anterior, de
2001, ano da maior incidência
da história do Estado, com
51.472 doentes, a transmissão
ocorreu em 192 cidades.
A doença surgiu em 1987 em
Guararapes, região de Araçatuba, foi se expandindo e já atinge
todas as regiões do Estado.
Neste ano, embora em menor ritmo, a doença continuou
avançando e já havia, até o último dia 19, 169 municípios com
registros de casos autóctones.
Até esta semana, houve 7.808
registros, contra 10.257 no
mesmo período de 2006, uma
queda de 24% no período.
Uma vítima, Andréa Yamamoto, 26, que morava na Liberdade, centro de São Paulo, morreu de dengue neste ano.
A Folha procurou a Secretaria de Estado da Saúde desde
quarta-feira para comentar a
situação da doença, mas ninguém se pronunciou.
Secretário-executivo do Conasen (Conselho Nacional dos
Secretários Municipais da Saúde), o médico José Ênio Servilha Duarte diz que o governo
precisa mobilizar os prefeitos,
pois somente as ações de saúde
não impedirão o avanço da
dengue. "É necessário um trabalho conjugado de limpeza
pública, planejamento urbano
e educação. Até a arquitetura
das casas, com calhas, deveria
mudar, pois o transmissor da
dengue se reproduz nelas", diz.
Relatório
Os dados estão no relatório
do CVE (Centro de Vigilância
Epidemiológica) que traça um
perfil da doença em 2006 e fixa
as principais linhas de ação para tentar conter a dengue.
Os técnicos emitiram um
alerta: além do recrudescimento da doença, que havia recuado
em 2005, em 2006 houve 41 casos com algum tipo de complicação, como a forma hemorrágica, que pode matar, e a síndrome de choque de dengue.
Porém, não há como comparar esses casos, pois eles só começaram a entrar nas estatísticas no ano passado.
Em Ubatuba, cidade do litoral norte de São Paulo, a prefeitura começou a pedir o reforço
da Polícia Militar para entrar
nas casas de pessoas que se recusam a permitir a entrada dos
agentes sanitários.
Até ontem, já havia registro
de 286 casos neste ano, segundo o superintendente de Proteção à Saúde, Neilton Nogueira.
A maioria se concentra na área
central, a mais populosa.
Os agentes já entram nas casas que encontram fechadas,
em busca de criadouros do
mosquito Aedes aegypti, problema agravado devido ao
grande número de imóveis de
veraneio. Cerca de metade das
34 mil casas fica fechada na
maior parte do ano.
"Principalmente nos bairros
em que há problemas de criminalidade ou até tráfico, há pessoas que se negam a abrir a
porta. Não há outra solução."
Morte em Londrina
A Secretaria Municipal da
Saúde de Londrina (PR) confirmou ontem a primeira morte
por dengue hemorrágica neste
ano no Estado.
Maria Isabel Gil dos Reis, 58,
morreu da doença no último
dia 19. Ela já teria chegado a
Londrina com dengue. O serviço de epidemiologia tenta agora descobrir se ela contraiu a
doença em Maringá (428 km de
Curitiba), onde morava, ou em
Paranavaí (508 km da capital),
onde esteve no período de incubação da doença.
O último caso de morte por
dengue hemorrágica em Londrina havia ocorrido em 2003.
Colaborou JOSÉ MASCHIO , da Agência Folha,
em Londrina
Texto Anterior: Medicina da USP: Professor toma posse como titular Próximo Texto: Documentos falsos: Polícia britânica prende 11 brasileiros Índice
|