DA SUCURSAL DO RIO

Após ganhar o segundo ouro nas Olimpíadas Brasileiras de Matemática das Escolas Públicas, o estudante Ricardo Oliveira da Silva, 19, recebeu promessas de auxílio para uma nova casa, ganhou um laptop e uma cadeira de rodas motorizada.
"Tudo isso vai me ajudar. Mas o que eu preciso mesmo é de livros", disse o estudante, vítima de amiotrofia espinhal (doença neurológica que causa a atrofia da medula espinhal e fraqueza muscular), o que lhe obriga a usar cadeira de rodas.
Sua história chamou a atenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o homenageou há duas semanas no Teatro Municipal do Rio, onde recebeu a segunda medalha de ouro nas olimpíadas -dada aos 300 melhores na disputa entre 17,5 milhões estudantes.
A Prefeitura de Várzea Alegre (CE), cidade a 467 km de Fortaleza, prometeu à família do menino pagar o aluguel de uma casa em frente a uma escola, onde Ricardo deve ser matriculado. Ele mora na zona rural, e o acesso a sua casa só é feito por uma estrada de terra.
Ele foi alfabetizado pela mãe, Francisca Antônia da Conceição, 45, -que cursou até a sexta série- e estudava com livros do irmão. Foi matriculado na quinta série aos 17 anos. Para fazer provas na escola municipal Joaquim Alves de Oliveira, Ricardo é levado em um carrinho de mão pelo pai, Joaquim Oliveira da Silva, 43.
"Se alguém quiser me ajudar, envie livros. Principalmente de matemática, mas pode ser de outras matérias. Tenho que me dedicar muito aos estudos."
Lula provocou o banco Itaú, pedindo que desse um laptop a todos os medalhistas de ouro, em vez de apenas aos tricampeões. O banco deu o computador a Ricardo após a premiação.
O estudante recebeu livros do Colégio Farias Brito, de Fortaleza. A escola ofereceu matrícula e bolsa de estudos, mas a família decidiu permanecer no interior. "Lá teríamos que conseguir emprego para meu pai e é uma cidade grande", afirma.
(ITALO NOGUEIRA)


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