São Paulo, segunda-feira, 23 de março de 2009

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"Trânsito on-line" não é 100% confiável

Dados são defasados, valem só para principais vias e não há informação precisa nos fins de noite, fins de semana e feriados

Rádio dá informação mais atualizada; nos serviços por telefone da CET e da Vivo, atendentes desconhecem vias importantes da cidade


ALENCAR IZIDORO
RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL

O administrador de empresas Julio Santana Neto, 29, recorre ao mapa de fluidez do trânsito da CET, na internet, antes de sair do escritório. Já a secretária Renata Pitanga, 32, costuma mandar mensagens de texto por celular para uma emissora de rádio para ouvir, dentro do carro, a opção de caminho menos engarrafada.
Os serviços de informação do trânsito se expandiram dos tradicionais boletins de rádio aos sites, operadoras de celular e até GPS automotivo que promete levar os motoristas pelos trajetos mais livres.
Mas, embora possam ser úteis para fugir das principais vias congestionadas e de pontos de alagamento em dias de chuva, as recomendações da parafernália tecnológica estão longe de ser 100% confiáveis.
A Folha testou na última semana serviços de informações do tráfego em São Paulo. As principais constatações:
1) Os gratuitos -como boletins de rádio, telefone 1188 e site da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego)- costumam ser tão ou mais precisos do que outros serviços pagos;
2) A malha monitorada é restrita, por isso só são válidos para os principais corredores;
3) Todos apresentam atrasos de informação;
4) A maioria não dispõe de informações precisas e confiáveis no fim da noite, de madrugada e fins de semana.
Quinta-feira à tarde, quem seguia as dicas de operadoras de celular, sites ou atendentes da CET recebia informações de que a rua Domingos de Morais, Vila Mariana (zona sul), e a av. Faria Lima, perto do Itaim Bibi (oeste), tinham tráfego livre. Na prática, via-se trânsito parado em diversos pontos.
Quando passadas ao usuário, algumas informações costumam estar defasadas -devido à demora que vai da constatação do fato na rua até o mapa oficial da fluidez.
No teste feito, atendentes do telefone 1188 também desconheciam a localização de vias importantes da cidade. E, não raro, a ligação dava ocupado.
No telefone *365, da Vivo, que fornece dados do trânsito via celular a R$ 1,50/minuto, a atendente desconhecia a Domingos de Morais e levou quatro minutos para concluir que "não sabia" se havia trânsito.
A estratégia da secretária Renata, que mora na região da Guarapiranga (zona sul) e estuda na Radial Leste, é mandar mensagens para a rádio antes de sair do trabalho.
Entre as ferramentas testadas, o rádio foi o que mais se aproximou da ideia de "tempo real". A desvantagem é que os intervalos entre os boletins podem ser tempo suficiente para ficar preso no trânsito.
Especializada no assunto, a rádio Sulamérica Trânsito leva em conta, além dos dados da CET, informações enviadas por ouvintes (cerca de 50 mil por minuto em horários de pico). A média diária é de 4.000 ligações, 1.500 mensagens de celular e 1.200 e-mails (95% dos ouvintes estão no carro).
"Hoje [sexta], três ouvintes avisaram que três carretas bateram no viaduto Aliomar Baleeiro (zona sul). Demos a notícia 50 minutos antes do site da CET", diz o editor-chefe Ronald Gimenez. A rádio tem dez repórteres de carro nas ruas.


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